Rússia diz para EUA “não brincarem com fogo” após novas sanções.

A Rússia advertiu o governo dos Estados Unidos a “não brincar com o fogo” depois da adoção de sanções contra sete altos funcionários russos, em uma resposta as acusações no caso do envenenamento do opositor Alexei Navalny, atribuído por Washington ao Kremlin.

O ministério russo das Relações Exteriores denunciou em um comunicado um “ataque hostil contra a Rússia” como parte de uma “política americana insensata e ilógica que prejudica ainda mais as relações bilaterais com Moscou.

“Triunfa o absurdo”, afirmou a diplomacia russa, ao acusar Washington de utilizar Navalny como “pretexto para interferir abertamente nos assuntos internos” da Rússia.

“Vamos reagir com base no princípio da reciprocidade”, completou o ministério. A nota oficial afirma ainda que “os cálculos para impor algo à Rússia por meio de sanções ou outras pressões fracassaram no passado e fracassarão hoje”.

“Seguiremos defendendo nossos interesses nacionais de forma sistemática e decidida, rejeitando qualquer agressão. Pedimos a nossos colegas que para não brincar com com fogo”, destacou o ministério, antes de acrescentar que o governo dos Estados Unidos “perdeu o direito moral de dar lições nos demais”.

Washington anunciou na terça-feira sanções contra altos funcionários de Moscou.

O Departamento do Tesouro americano divulgou à a lista dos sete sancionados, que são o diretor do Serviço de Segurança Federal, Aleksandr Bortnikov; o chefe do diretório de política presidencial, Andrei Yarin; o vice-chefe de gabinete do gabinete presidencial, Sergei Kiriyenk; o vice-ministro da Defesa Aleksey Krivoruchko, outro vice-ministro da Defesa, Pavel Popov; o diretor do Serviço Federal de Prisões, Alexander Kalashnikov, e o procurador-geral, Igor Krasnov.

Os dois últimos também foram sancionados pela UE, que acrescenta à lista o chefe do comitê de investigação da Federação Russa, Alexander Bastrykin, que presta contas diretamente a Putin; e o chefe da Guarda Nacional, Viktor Zolotov, que ameaçou Navalny em público em 2018.

A punição prevê, entre outras coisas, o congelamento dos bens dos sancionados nos Estados Unidos.

O Departamento de Comércio dos Estados Unidos disse que também sancionaria 14 empresas ou entidades com controles sobre suas exportações, dada a possibilidade de ajudarem a Rússia a desenvolver armas químicas.

Os sancionados também serão proibidos de viajar para a UE e os Estados Unidos.

Para Washington, não há dúvida: Moscou está por trás da “tentativa de assassinato” de Navalny.

“A comunidade de Inteligência considera com um alto nível de confiança que funcionários do Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia usaram um agente nervoso conhecido como Novichok para envenenar o líder opositor russo Alexei Navalny em 20 de agosto de 2020”, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.

“Reiteramos nosso apelo por uma libertação imediata e incondicional de Navalny”, acrescentou.

Poucas horas antes do anúncio americano, que acompanha uma decisão parecida da UE, o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, afirmou que a política de sanções “não está atingindo seus objetivos”.

E o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, em conversa com seu homólogo uzbeque, alertou para a retaliação, dizendo que a regra da diplomacia “é o princípio da reciprocidade”.


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