Intervenção Militar em Mianmar após eleições fraudulentas

O exército de Mianmar derrubou o governo eleito do país nesta segunda-feira (1º), prendeu líderes políticos, fechou o acesso à internet e suspendeu os voos ao país.

O país tem cerca de 50 milhões de habitantes majoritariamente budistas –há outras religiões, no entanto.

Mianmar é um país no sudeste da Ásia que, até 1989, era chamado Birmânia. Os militares que governavam o país decidiram trocar porque Birmânia é o nome de uma etnia, e o regime da época quis fazer um gesto para as pessoas de outras etnias no país.

Mianmar vivia uma fase democrática desde 2011, depois de quase 50 anos de regime militar. Naquele período, uma junta militar governou o país.

De 2011 para cá, haviam sido implementadas eleições para o Parlamento e outras reformas.

A última votação havia sido em novembro do ano passado, quando o principal partido civil, a Liga Nacional pela Democracia (NDL, na sigla em inglês), venceu 83% dos cargos em disputa.

O novo Parlamento iria aprovar um novo governo.

Os militares se recusaram a aceitar esse resultado. Eles alegam que houve “enormes irregularidades” nas eleições legislativas de novembro.

Os militares haviam tentado argumentar na Suprema Corte do país que os resultados das eleições eram fraudulentos. Eles ameaçaram agir e cercaram os prédios do Parlamento com soldados.

A intervenção ocorreu sem atos de violência e poucas horas antes da primeira sessão do Parlamento formado nas eleições de novembro.

Os militares bloquearam as estradas ao redor da capital com tropas, caminhões e veículos blindados, enquanto os helicópteros militares sobrevoavam a cidade, e derrubaram o sinal de internet e telefonia móvel em todo o país.

Nesta segunda-feira, eles detiveram membros do NDL e líderes civis de Mianmar (inclusive Aung San Suu Kyi e o presidente, U Win Myint), juntamente com ministros, governadores regionais, políticos da oposição, escritores e ativistas.

A intervenção foi anunciada em uma estação de TV que pertence aos militares. Um apresentador citou a constituição de 2008, que permite aos militares declarar uma emergência nacional. O estado de emergência, disse ele, permanecerá em vigor por um ano.

Rapidamente, os militares assumiram o controle da infraestrutura do país, suspenderam as transmissões de televisão e cancelaram os voos domésticos e internacionais.

O acesso ao telefone e à internet foi suspenso nas principais cidades. O mercado de ações e os bancos comerciais foram fechados. Em Yangon, a maior cidade e ex-capital do país, os residentes correram aos mercados para estocar alimentos e outros suprimentos.

Nesta segunda-feira, quem tomou o poder foi o general Min Aung Hlaing, chefe das forças armadas do país. Na teoria, ele deveria ir para a reserva neste ano por completar a idade compulsória para se retirar da ativa.

Mesmo depois do fim do regime militar, em 2011, as forças armadas nunca ficaram sob o controle do governo civil. Nos últimos anos, o exército, controlado pelo general Min Aung Hlaing, empreendeu campanhas contra minorias, como os rohingyas, os shan e os kokang.

O general Min Aung Hlaing foi presidente de dois grupos empresariais e tinha poder para nomear os chefes da polícia e do órgão responsável pelos controles de fronteiras.

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