Rússia está preparada para se desconectar da internet global

O ex-presidente russo e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia Dmitry Medvedev afirmou dia (01) que a Rússia está “pronta” para se desconectar da internet mundial caso necessário. Mas embora o país tenha esta capacidade, Medvedev afirma que não vê motivo para isso, e que ela seria uma “faca de dois gumes”.

O país já vem há anos experimentando o que chama de “RuNet”, uma espécie de “intranet” nacional projetada para garantir o funcionamento da infraestrutura de tecnologia (especialmente telecomunicações e o sistema financeiro) caso algo “extraordinário” aconteça.

Medvedev também disse que o país também desenvolveu a capacidade de se desconectar do sistema SWIFT de pagamentos globais.

Testes da manobra já foram realizados com sucesso, e há apoio legal: a chamada lei de “soberania da internet” concede ao governo o poder legítimo de desconectar o país do resto do mundo sem muitas explicações, tendo como base a segurança nacional e o temor de interferência estrangeira.

A Rússia demonstra estar estremamente preparada, mas por enquanto o presidente Vladimir Putin afirmou que o país não irá se desconectar, e a lei é uma precaução.

“Não estamos caminhando para fechar a internet e não temos intenção de fazer isso”, disse o mandatário. “Esta lei pretende apenas evitar as consequências negativas de uma possível desconexão da rede global, que é amplamente controlada do exterior”.

A declaração de Medvedev foi feita após imensas manifestações em mais de 100 cidades russas nas últimas duas semanas. Diversos manifestantes protestam contra a prisão de Alexey Navalny, crítico do presidente russo Vladimir Putin, mas o país mostra que não vai permitir interferência de outros país e nem das Big Techs em assuntos internos de seu país.

Em Davos, no Fórum Econômico Mundial, Putin afirmou que as gigantes do Vale do Silício atuam como “concorrente do Estado” e citou o papel exercido por elas durante a campanha eleitoral americana no ano passado.

“Onde está o limite entre os negócios globais bem-sucedidos, os serviços necessários, a consolidação dos indicadores macroeconômicos e as tentativas de controlar grosseiramente, usando seu arbítrio, a sociedade, de substituir os institutos democráticos legítimos e usurpar ou limitar os direitos naturais da pessoa de decidir como viver, o que escolher, qual opinião expressar livremente?”, questionou o presidente russo.

Em dezembro de 2020, Putin assinou uma lei para multar gigantes das mídias sociais que censuram imprensa russa.

O projeto de lei proíbe explicitamente censura por parte das redes sociais com base em razões como nacionalidade, idioma e origem, bem como “em conexão com a introdução de sanções políticas ou econômicas contra a Rússia”.

Uma vez considerada culpada, mídias estrangeiras podem estar sujeitas às sanções em forma de multas, redução do tráfego, ou até mesmo bloqueio total, disse o portal RT.

Logo após ​a proposiçãodo projeto, Putin observou que o país não deveria “dar um tiro no pé” com nenhuma ação retaliatória contra a mídia estrangeira, mas é “absolutamente óbvio e compreensível para qualquer pessoa sã”, disse ele, que essas empresas estão discriminando os veículos russos.

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