Ao provocar a Rússia e a China e declará-las como principais ameaças à segurança americana, os EUA impulsionam Moscou e Pequim a se unirem em uma verdadeira aliança militar.
No início do governo Biden, a Casa Branca divulgou disposições transitórias da Estratégia de Segurança Nacional, nas quais a Rússia e a China foram nomeadas como “ameaças principais”.
“Hoje, o governo divulgou a Orientação Estratégica de Segurança Nacional Provisória, anexada.
Esta orientação provisória foi emitida para transmitir a visão do presidente Biden de como a América se envolverá com o mundo e para fornecer orientação para departamentos e agências alinharem suas ações quando o governo começar a trabalhar em uma Estratégia de Segurança Nacional.”, diz trecho inicial do memorando.
“Não há nada de novo nas disposições desse documento – é o mesmo que Joe Biden falou no período eleitoral, é o mesmo que, aliás, Donald Trump disse muitas vezes, já para não falar dos representantes do Pentágono. Tal estratégia favorecerá a consolidação da Rússia e da China, o que pode levar à criação de um verdadeiro bloco militar. Em comparação com essa força, até o Pacto de Varsóvia pode parecer um pigmeu – desse modo os Estados Unidos estão criando com suas próprias mãos um tal adversário que nunca conseguirão vencer”, disse o especialista militar russo Konstantin Sivkov
A união do potencial demográfico e econômico chinês com o potencial científico e militar russo representa uma “mistura termonuclear”, perante a qual os EUA e Europa não têm nada para contrapor.
“Tal política de Washington é perniciosa primeiramente para ele mesmo. Desde o ponto de vista econômico, a China supera os EUA, e no futuro próximo vai superar ainda a Europa, ao mesmo tempo, a Rússia é independente em termos de matérias-primas e pode fornecer todo o necessário à China”, frisou Sivko.
A atual política de Washington demonstra a descida de nível das elites que tomam decisões-chave nos Estados Unidos.
“Se hoje em dia as decisões fossem tomadas [nos EUA] por figuras da grandeza de Henry Kissinger ou Zbigniew Brzezinski, então a política norte-americana seria muito mais inteligente. Estes tiveram mesmo inteligência suficiente para criar um conflito entre a União Soviética e a China, [enquanto] o establishment atual, ao contrário, empurra Moscou para os braços de Pequim sem calcular as consequências perniciosas para si”, ponderou Sivkov
Ao impor novas sanções contra a Rússia, a União Europeia (UE) e os EUA correm o risco de trazer de volta as tensões da época da Guerra Fria (1947-1991), afirma Gunnar Lindemann, membro da Bundestag, o parlamento alemão.
“As novas sanções contra a Rússia estão prejudicando nossa economia e, portanto, prejudicando a Alemanha. Há, é claro, o risco de uma nova Guerra Fria. É por isso que devemos finalmente acabar com esta política sem sentido de sanções. Receio que a UE siga o exemplo com mais sanções contra a Rússia. Com a eleição do [novo presidente dos EUA, Joe] Biden, a Alemanha, a UE e os EUA estão trabalhando mais próximos novamente”, afirmou Lindemann
O político alertou para as tentativas de Washington de pressionar a UE a abandonar o projeto do gaseduto Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2), já que os EUA estão tentando vender o seu próprio gás natural.
Mas a Alemanha precisa do Nord Stream 2, [a chanceler alemã Angela] Merkel também sabe […]. Em minha opinião, todas as sanções devem ser encerradas imediatamente”, afirmou.
O projeto Nord Stream 2 prevê a construção de duas linhas de um gasoduto com uma capacidade total de 55 bilhões de metros cúbicos de gás por ano da costa russa através do mar Báltico até a Alemanha.
Os EUA afirmam que o Nord Stream 2 aumentará a dependência da Europa do gás russo, Moscou descreve o gasoduto como um projeto puramente econômico, alertando Washington para não o politizar.
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