A transação envolvendo a venda da Avibras, uma companhia brasileira especializada em equipamentos de defesa e mísseis, para um grupo australiano concorrente, anunciada recentemente, está sendo vista como um revés significativo para a Defesa Nacional e para o projeto nacional em uma perspectiva mais ampla.
Os adquirentes fazem parte de um fundo de investimentos australiano que, através da Defendtex, uma concorrente bem menor do que a Avibras, adquiriu 100% da empresa nacional. Até o momento, os detalhes financeiros da operação não foram divulgados. A autorização para a venda foi concedida pelo governo brasileiro.
A alienação da Avibras, uma firma de tecnologia avançada, com produtos de acesso restrito e sujeitos a controle de exportação, como os relacionados a mísseis, incluindo propelentes e sistemas inerciais, está sendo vista como um ato de autossabotagem por parte do Brasil.
Do ponto de vista geopolítico, a aquisição é considerada um movimento estratégico significativo por parte da Austrália. O país, alinhado com os EUA, enfrenta um “entorno estratégico” desafiador, especialmente na região da Ásia-Pacífico.
Com essa aquisição, a empresa australiana ganha acesso a um míssil avançado (o mais importante desenvolvido pelo Brasil), inclusive com tecnologia inercial (o MTC, desenvolvido com recursos públicos brasileiros), que pode ser adaptado para uma versão destinada ao equipamento de seu submarino em desenvolvimento no contexto do AUKUS (aliança militar formada por Austrália, EUA e Inglaterra).
MAIS SÉRIO DO QUE A RUÍNA DA ENGESA
A transferência da Avibras para um concorrente internacional é considerada, sob a ótica geopolítica e da “estratégia nacional”, mais crítica do que o colapso da Engesa, nossa produtora de veículos de combate sobre lagartas, como o tanque Osório, no início dos anos 90.
Atualmente, em um contexto geopolítico muito mais desafiador para o Brasil, estamos cedendo tecnologias que são essenciais para a capacidade dissuasória convencional, o cerne da estratégia de Defesa brasileira, como é o caso das habilidades em mísseis, artilharia e espaço.
Citando alguns exemplos de empresas que enfrentaram crises severas nos últimos anos, como os casos notórios da MECTRON e da própria Avibras, Eduardo Siqueira Brick admite que retomar o desenvolvimento de uma indústria que ficou estagnada “é um processo de décadas”, que envolve também a modernização da infraestrutura já existente.
Nota AVIBRAS e Empresa australiana DefendTex avança em negociações
Sobre a AVIBRAS
A AVIBRAS é uma empresa brasileira de tecnologia e inovação com capacidade industrial única e reconhecida mundialmente pela excelência e qualidade de seus produtos, sistemas e soluções de engenharia nas áreas de Aeronáutica, Espaço, Eletrônica, Veículos e Defesa. Com mais de 60 anos de atuação, a AVIBRAS consolidou sua posição como uma das empresas líderes mundiais no segmento de Defesa e Aeroespacial.
Sobre a DefendTex
A DefendTex é uma empresa internacional de defesa com sede na Austrália e líder estabelecida em soluções de guerra assimétrica de múltiplos domínios. Fornecendo tecnologias de defesa líderes no mundo, os recursos da DefendTex incluem armas guiadas de precisão, energia, fabricação de foguetes e loitering munitions. A DefendTex tem ampla experiência em pesquisa colaborativa, tendo comercializado tecnologias de defesa revolucionárias.