A ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, falou sobre o engajamento dos brasileiros com temas julgados pelos 11 ministros da Corte brasileira.
“Todo brasileiro, hoje, é o 12º ministro do Supremo, claro. Participa do julgamento, opina, fala”, disse a ministra durante um evento da Fundação Estudar, em São Paulo.
A ministra estava em uma mesa ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nesta segunda (05).
Para a ministra, na década de 1970, apenas os estudiosos do direito sabiam o que era a Constituição.
“Graças a Deus, o brasileiro hoje sabe o que é uma Constituição”, disse, para em logo em seguida corrigir. “Graças a Deus, não –graças à televisão”, afirmou, arrancando risadas dos presentes.
A ministra também brincou com o fato de ser reconhecida pelas ruas. “Hoje mesmo cheguei ao aeroporto, fui atrás de um táxi, e um taxista falou para o outro assim. ‘Ô, ministra, a senhora vem comigo [já] que a senhora já foi duas vezes com ele'”, relatou. “Eu achei ótimo, eu ser disputada por dois homens a essa altura do campeonato”, disse.
Ela e Rodrigo Maia foram questionados sobre a participação dos jovens na política. Cármen Lúcia disse ter a “sorte” de conviver com jovens por ser professora de direito constitucional na PUC-MG (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais).
“O jovem me diz o que ele acha para que eu não perca, em nenhum minuto, o pé no chão”, afirmou.
Rodrigo Maia e Cármen Lúcia não quiseram falar com a imprensa nem na entrada nem na saída do evento. Eles responderam a perguntas sobre liderança e política por cerca de 40 minutos. Quem mediou a mesa foi José Frederico Lyra Netto, um dos coordenadores do movimento Acredito.
Rodrigo Maia disse que as manifestações da sociedade são legítimas, mas que hoje há pontos de vista “muito extremados”.
“Esse é um problema que a gente tem no Brasil hoje. Tem um grupo de extrema-esquerda e outro de extrema-direita que simplesmente não querem ouvir”, disse, ligando os grupos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Rodrigo Maia então defendeu ser papel do parlamento “ter a capacidade de ouvir a todos e obter um ponto de equilíbrio”, já que o Congresso, segundo ele, representa “o que tem de bom e de ruim” na sociedade brasileira.