Putin vence eleição na Rússia e fica no poder até 2030

Vladimir Putin conquistou a reeleição na Rússia, assegurando sua permanência no poder até 2030, conforme anunciado pela emissora estatal Russia-24.

De acordo com os resultados preliminares oficiais divulgados pela emissora, Putin obteve aproximadamente 88% dos votos, uma margem que já havia sido sugerida pelos resultados de pesquisas de boca de urna até cerca das 15h35 de domingo (17), horário em que a votação foi encerrada.

A consolidação da liderança de Putin ocorreu após três dias de eleições, que começaram na sexta-feira (15) e se encerraram no domingo por volta das 15h (horário de Brasília). Mais de 8 milhões de eleitores participaram da votação online, segundo as autoridades eleitorais.

Putin não enfrentou adversários significativos nesta eleição. Os outros três candidatos, todos parlamentares, são vistos como meros figurantes, tendo votado a favor da guerra na Ucrânia no Parlamento e expressado publicamente seu apoio a Putin.

Maior país do mundo em área territorial e com uma população de 141 milhões de habitantes, a Rússia adotou a votação em três dias para dar conta de regiões com 11 fusos horários diferentes. São cerca de 114 milhões de eleitores, incluindo ucranianos convocados a votar nos territórios ocupados por tropas russas.

Democracia administrada

Nas eleições atuais, havia outros dois candidatos “de verdade” originalmente:

Boris Nadezhdin, de centro-direita, e
Yekaterina Duntsova

Na Rússia nem mesmo se diz que o regime é uma democracia, mas, sim, uma “democracia controlada”, dizem especialistas

Os candidatos que permanecem nas cédulas, na prática, são aliados de Putin. São eles:

  • Nikolai Kharitonov: Deputado de 75 anos e candidato pelo Partido Comunista. As pesquisas mostram que ele tem cerca de 4% das intenções de voto.
  • Leonid Slutsky: Deputado de um partido nacionalista. Ele tem cerca de 4% das intenções de voto.
  • Vladislav Davankov: vice-presidente da Câmara de Deputados. Aparece com cerca de 5% das intenções de votos.

E a guerra na Ucrânia?

Atualmente, o Exército russo ocupa pouco mais de 20% do território da Ucrânia. Urnas de votação para a eleição presidencial foram inclusive instaladas em algumas dessas áreas, que Putin reivindicou ter anexado.

Em uma delas, na região de Kherson, no sul, a Ucrânia bombardeou um dos locais de votação, segundo a agência de notícias estatal russa Tass.

Mesmo antes da campanha eleitoral, o presidente russo descrevia a guerra como uma espécie de batalha contra o Ocidente na qual a própria sobrevivência da Rússia está em jogo.

Em um discurso no mês passado, Putin acusou os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de tentarem trocar a Rússia por “um lugar dependente e decadente para que possam fazer o que quiserem”.

Na campanha eleitoral, ele tem afirmado que vai cumprir seus objetivos na Ucrânia.

Ele justifica a invasão do país vizinho, a partir de fevereiro de 2022, com os seguintes argumentos:

  • Era preciso invadir para proteger as pessoas de origem russa na região leste da Ucrânia;
  • O governo da Ucrânia era uma ameaça para a própria Rússia porque iria se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Putin tem afirmado também que as forças russas estão em vantagem após o fracasso da contraofensiva ucraniana no ano passado, e que “mais cedo ou mais tarde”, tanto a Ucrânia como os países do Ocidente vão aceitar um acordo nos termos dele.

O presidente russo também tem elogiado as tropas na Ucrânia e prometeu torná-las a nova elite da Rússia.

Os russos comuns sabem pouco sobre os problemas militares, como o alto índice de baixas — a mídia estatal divulga apenas as conquistas.

E a economia?

Quando a Rússia atacou a Ucrânia, países do Ocidente cortaram relações econômicas e impuseram sanções a quem negociasse com os russos.

No entanto, as indústrias militares tornaram-se um motor de crescimento. Os pagamentos para centenas de milhares de pessoas ligados diretamente ou indiretamente com a guerra ajudaram a impulsionar a demanda do consumidor.

Além disso, a Rússia tem conseguido vender petróleo para alguns grandes consumidores, principalmente da Ásia.

A economia deve crescer 2,6% este ano, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). A inflação é prevista em mais de 7%, mas o desemprego está baixo.

Em sua campanha, Putin prometeu subsídios do governo para famílias jovens, especialmente com filhos, para comprar casas. Isso acelerou o setor de construção.

Ele também se comprometeu a investir mais em saúde, educação, ciência, cultura, esportes e em políticas contra a pobreza.

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