PF indicia mais 3 pessoas no inquérito do suposto plano de golpe; Total vai a 40

A Polícia Federal (PF) indiciou mas 3 pessoas nesta quarta-feira (11) no âmbito do inquérito que investiga os atos do 8 de janeiro, elevando o total de indiciados para 40.

Os novos indiciados são:

  • Aparecido Andrade Portella
  • Reginaldo Vieira de Abreu
  • Rodrigo Bezerra de Azevedo

O papel da cada um

Veja abaixo o papel que a PF atribuiu a cada um na trama golpista:

Aparecido Andrade Portela

Aparecido Andrade Portela, militar da reserva e suplente da senadora Tereza Cristina (PL-MS), foi identificado pela Polícia Federal como um dos mediadores entre o governo de Jair Bolsonaro e os financiadores das manifestações. Em dezembro de 2022, ele esteve no Palácio da Alvorada pelo menos 13 vezes.

Conforme a investigação, Portela utilizava o codinome “churrasco” em mensagens trocadas com Mauro Cid para se referir ao suposto golpe de Estado. Ele relatou que financiadores estavam exigindo a realização da “ruptura institucional” após terem contribuído financeiramente, referindo-se a esses aportes como “colaboração da carne”.

Além de captar recursos, Portela também sugeria táticas de ação para o movimento e demonstrava preocupação em não ser identificado como responsável pelos atos ocorridos em 8 de janeiro de 2023. Em mensagens enviadas a Mauro Cid, incluiu capturas de tela de publicações que solicitavam informações sobre manifestantes, revelando seu temor em ser exposto.

Ao ser ouvido pela PF, Portela exerceu o direito ao silêncio. No entanto, os investigadores destacam que suas mensagens e visitas frequentes ao Palácio da Alvorada indicam sua participação ativa na organização dos atos.

Reginaldo Vieira de Abreu

Reginaldo Vieira de Abreu, coronel do Exército e chefe de gabinete do então secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, Mário Fernandes, Reginaldo é acusado de disseminar desinformação sobre o sistema eleitoral. Ele chegou a levar um hacker à sede da PF em Brasília para tentar formalizar denúncias contra as urnas eletrônicas.

A investigação aponta que Vieira manipulou relatórios das Forças Armadas para alinhá-los com as informações divulgadas pelo argentino Fernando Cerimedo. Ele usava o termo “rataria” para referir-se aos participantes das reuniões e defendia que o relatório fosse “no mínimo, alinhado” com as informações divulgadas.

Vieira também teria repassado informações sobre o deslocamento do ministro Gilmar Mendes em novembro de 2022, período em que foi elaborada a minuta que previa a prisão do ministro. Ele estava no mesmo voo que Mendes e compartilhou uma foto dele no aeroporto com outros investigados.

A PF identificou que Vieira imprimiu um documento intitulado “Gabinete de Crise” no Palácio do Planalto, que seria utilizado para assessorar Bolsonaro após a concretização do plano. Como Portela, Vieira optou por permanecer em silêncio durante seu depoimento.

Rodrigo Bezerra de Azevedo

Rodrigo Bezerra de Azevedo, major do Exército e integrante do Comando de Operações Especiais (Copesp), é acusado de integrar o núcleo operacional do plano de assassinato do ministro Alexandre de Moraes. O codinome “Brasil” foi associado a um número de telefone que ele utilizava para ações.

A análise de dados telefônicos revelou que aparelhos vinculados ao codinome “Brasil” estavam próximos à residência de Azevedo em Goiânia após a data da suposta tentativa de assassinato, evidenciando sua conexão com a operação criminosa. Ele admitiu ter utilizado celulares e chips anonimizados, prática comum em missões sensíveis.

A PF encontrou ligações feitas por Azevedo para contas bancárias abertas fraudulentamente em nome de terceiros. Um desses números estava cadastrado no aplicativo Signal no celular do general Mário Fernandes, evidenciando vínculos com outros integrantes.

Azevedo alega que o celular usado na ação foi encontrado em uma sala do Copesp e que ele o utilizou sem saber de seu envolvimento anterior. Ele afirmou que o dispositivo quebrou em 2023 e foi descartado, mas a PF considera que as evidências demonstram seu envolvimento direto no plano.

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