A junta militar de Mianmar ordenou neste sábado (6) o bloqueio da internet em todo o país.
Todas as operadoras receberam ordens do governo para cortar o acesso à conexão de dados para impedir a disseminação de notícias falsas e para assegurar a estabilidade e o interesse da nação.
A informação é de uma das empresas, a Telenor Myanmar, que se pronunciou por meio de um comunicado.
Algumas pessoas marcharam pacificamente por pelo menos seis regiões da cidade com gritos e slogans a favor da democracia, da libertação dos detidos pelos militares e contra a intervenção.
Muitos dos presentes usavam camisetas vermelhas ou cachecóis que se identificam com o partido da Liga Nacional para a Democracia (NLD), liderado por Aung San Suu Kyi, que venceu as eleições de novembro e cujos resultados não foram reconhecidos pelos militares devido a diversas alegações de irregularidades.
Porque o Facebook se tornou peça central na crise política de Mianmar
Até meados dos anos 2000, a maioria das pessoas não tinha acesso à internet ou a telefones celulares sob o governo militar.
Um chip de telefonia móvel fornecido pela empresa de telefonia estatal podia custar centenas de dólares, então a penetração do celular era uma das mais baixas do mundo.
O mercado abriu em 2011 e, em 2014, duas empresas de telecomunicações receberam permissão para entrar no país: a Telenor, na Noruega, e a Oredoo, do Catar.
Foi a primeira vez que muitos tiveram acesso a qualquer tipo de telecomunicação, e isso levou a uma rápida adoção de celulares, à medida que os preços despencavam.
O Facebook entrou em Myanmar em 2010 e, inicialmente permitiu, que seu aplicativo fosse usado sem incorrer em cobranças de dados, por isso ganhou popularidade rapidamente. Também vinha pré-instalado nos telefones.
Os militares pediram aos provedores de internet que bloqueiem a plataforma para garantir a estabilidade no país.
Com a medida, a campanha de desobediência civil contra a intervenção e também a divulgação de conselhos de saúde pública sobre a covid-19 que acontece em grande parte no Facebook, fica contida para evitar a desestabilização em Myanmar.
Existe um sentimento de que o Facebook tem a obrigação de proteger os direitos humanos e a liberdade de expressão em Myanmar, mas o que tem que ser analisado é que a população não tem o conhecimento que essa importância é aplicada apenas para o lado que a rede social defende.