Irã convoca embaixador brasileiro para explicar nota do Itamaraty

Cinco dias após o Ministério das Relações Exteriores ter se manifestado sobre o bombardeio que os Estados Unidos realizaram em território iraquiano, usando drones, e que vitimou o general iraniano Qassem Soleimani e ao menos mais seis pessoas, o Ministério das Relações Exteriores do Irã convocou os representantes diplomáticos brasileiros em Teerã a comparecerem à chancelaria iraniana para explicar o teor da nota divulgada no último dia 3.

Segundo o Itamaraty, na ausência do embaixador Rodrigo Azeredo, que está de férias, a convocação foi atendida pela encarregada de Negócios do Brasil em Teerã, Maria Cristina Lopes. “Informamos que a Encarregada de Negócios do Brasil em Teerã, assim como representantes de países que se manifestaram sobre os acontecimentos em Bagdá, foram convocados pela chancelaria iraniana”, informou o Itamaraty, em nota, sem detalhar que outras Nações tiveram seus representantes convocados.

Na semana passada, o governo iraniano já havia convocado o embaixador da Suíça, que representa os interesses dos EUA no Irã, a se explicar sobre as ameaças que o presidente norte-americano Donald Trump fez logo após o ataque ao Iraque.

O Itamaraty também não revelou o teor da conversa, afirmando que trata-se de assunto reservado. “A conversa, cujo teor é reservado, e não será comentado pelo Itamaraty, transcorreu com cordialidade, dentro da usual prática diplomática”, acrescentou o Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

Nota

Na nota divulgada na semana passada, o governo brasileiro manifesta seu apoio “à luta contra o flagelo do terrorismo” e afirma estar “pronto a participar de esforços internacionais que contribuam para evitar uma escalada de conflitos neste momento”, não podendo “permanecer indiferente à ameaça [do terrorismo], que afeta inclusive a América do Sul”.

O Itamaraty divulgou sua nota um dia após a ação ordenada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter matado Qassem Soleimani, principal general iraniano e considerado por muitos analistas como o segundo homem mais poderoso do governo iraniano. O ataque ocorreu nas proximidades do Aeroporto de Bagdá, capital do Iraque.

Em sua conta no Twitter, Trump procurou justificar a ação, declarando que as ações de Soleimani mataram ou feriram “milhares de americanos por um período estendido de tempo e ele planejava matar muito mais”. Trump também acusou o general iraniano de participar da morte de manifestantes iranianos em seu país e de estar planejando novos ataques a alvos norte-americanos.

Na nota da semana passada, o Itamaraty não comenta a morte do general iraniano, mas condena o ataque à embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, ocorrido dias antes. “O Brasil condena igualmente os ataques à Embaixada dos EUA em Bagdá, ocorridos nos últimos dias, e apela ao respeito da Convenção de Viena e à integridade dos agentes diplomáticos norte-americanos reconhecidos pelo governo do Iraque presentes naquele país”, disse a nota.

Nos últimos dias, o ministro do Exterior do Irã, Mohammad Javad Zarif, tem se reunido com autoridades de países vizinhos e conversado, por telefone, com representantes de diversas Nações. Na página do ministério na internet, há imagens dos últimos dias de Zarif reunido com o ministro das Relações Exteriores de Omã, Yusuf bin Alawi, e com o ex-presidente afegão Hamid Karzai, além de, supostamente, conversando, por telefone, com os ministros das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas; da Índia, Subrahmanyam Jaishankar; do Paquistão, Shah Mehmood Qureshi; do Líbano, Gebran Bassil, entre outros.

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