O ministro do STF Gilmar Mendes emitiu nota nesta terça (14) reafirmando respeitar as Forças Armadas, mas disse se preocupar “com o rumo das políticas públicas de saúde’ do país.
Gilmar Mendes disse que o Exército se associou a um “genocídio”, ao criticar a forma como o país está atravessando a pandemia do novo coronavírus, agravada, segundo ele, pela falta de um titular no Ministério da Saúde
Após a declaração, o Ministério da Defesa anunciou que encaminharia uma representação à Procuradoria-Geral da República contra o ministro.
Gilmar diz que não atingiu a honra do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica, mas aproveitou para criticar novamente. “Apenas refutei e novamente refuto a decisão de se recrutarem militares para a formulação e execução de uma política de saúde que não tem se mostrado eficaz para evitar a morte de milhares de brasileiros”, destacou em sua nota.
Confira a nota de Gilmar Mendes na íntegra:
Ao tempo em que reafirmo o respeito às Forças Armadas brasileiras, conclamo que se faça uma interpretação cautelosa do momento atual. Vivemos um ponto de inflexão na nossa história republicana em que, além do espírito de solidariedade, devemos nos cercar de um juízo crítico sobre o papel atribuído às instituições de Estado no enfrentamento da maior crise sanitária e social do nosso tempo.
Em manifestação recente, destaquei que as Forças Armadas estão, ainda que involuntariamente, sendo chamadas a cumprir missão avessa ao seu importante papel enquanto instituição permanente de Estado.
Nenhum analista atento da situação atual do Brasil teria como deixar de se preocupar com o rumo das nossas políticas públicas de saúde. Estamos vivendo uma crise aguda no número de mortes pela COVID-19, que já somam mais de 72 mil. Em um contexto como esse, a substituição de técnicos por militares nos postos-chave do Ministério da Saúde deixa de ser um apelo à excepcionalidade e extrapola a missão institucional das Forças Armadas.
Reforço, mais uma vez, que não atingi a honra do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica. Aliás, as duas últimas nem sequer foram por mim mencionadas. Apenas refutei e novamente refuto a decisão de se recrutarem militares para a formulação e execução de uma política de saúde que não tem se mostrado eficaz para evitar a morte de milhares de brasileiros.