Um estudo aponta que, no cenário mais grave, 112 milhões de brasileiros, mais da metade da população, poderá ter de receber auxílio emergencial em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
Os dados fazem parte de um estudo elaborado pelo IFI (Instituição Fiscal Independente), órgão do Senado Federal, e publicado nesta quinta-feira (7).PUBLICIDADE
Destes 112 milhões que poderão ter de receber o auxílio, 60 milhões são do grupo 1 (cadastrados via Caixa), 19,9 milhões são do grupo 2 (cidadãos inscritos no CadÚnico e que também são beneficiários do Bolsa Família) e 32,2 milhões são do grupo 3 (cidadãos inscritos no CadÚnico, mas que não são beneficiários do Bolsa Família). Dessa forma, a despesa total do auxílio emergencial por três meses (abril, maio e junho) superaria os R$ 229 bilhões.
O auxílio emergencial é um benefício no valor de R$ 600, que pode chegar a R$ 1.200 em alguns casos, destinado aos trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos e desempregados, e tem por objetivo fornecer proteção emergencial no período de enfrentamento à crise causada pela pandemia do novo coronavírus.
Até o 1º de maio, a despesa total com o programa foi de R$ 35 bilhões – o montante foi pago para 50 milhões de pessoas (dos 50,5 milhões de elegíveis), sendo que, destas, 40,8 milhões receberam R$ 600, e 9,2 milhões eram mulheres chefes de família monoparental, tendo, portanto, recebido R$ 1.200.
A análise feita pelo IFI mostra projeções sobre a quantidade de pessoas alocadas nos três grupos. De acordo com o estudo, comandado pelo analista Alessandro Casalecchi, o grupo 1 deve continuar crescendo por, pelo menos, três razões. “Verificação da elegibilidade de aproximadamente 18,6 milhões de cadastros, a possibilidade de ainda haver elegíveis por se cadastrar e a trajetória da taxa de desemprego para os próximos meses ainda ser incerta”, pontua.
O grupo 2, avalia o analista, não tem muito espaço para crescer, “pois 96% de seus membros já recebem o auxílio emergencial”. “Mesmo que a queda da atividade econômica transforme os 4% restantes em elegíveis, haveria um aumento de 700 mil pessoas no total de beneficiários. Trata-se de um contingente grande em termos absolutos, mas não quando comparado com a escala que o programa já adquiriu”, examina.
Por fim, o espaço para crescimento do número de beneficiários no grupo 3 é maior que no ajuntamento anterior. “Apesar de estarem inscritos no Cadastro Único, os elegíveis representam apenas 34% do total do grupo. Com um eventual agravamento das condições econômicas, parte dos demais 66% poderia se tornar elegível, à medida que sua renda cai ou seu emprego é perdido. Estes 66% equivalem a 21,3 milhões de pessoas.
Dentre os dados analisados, o estudo considera que o cenário-base, de acordo com as informações atuais, implica uma despesa total do programa em 2020 de R$ 154,4 bilhões, com 79,9 milhões de brasileiros beneficiados.