Uma mensagem de voz da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), enviada durante a tramitação de um projeto na Câmara, foi usada fora de contexto pela ex-aliada dela Joice Hasselmann (PSL-SP) para a produção de um vídeo em tom de deboche.
As orientações de como produzir a peça, posteriormente divulgada nas redes sociais, foram dadas por Joice Hasselmann a integrantes do gabinete dela por meio de mensagens de áudio a que a Record TV teve acesso.
O áudio de Carla Zambelli encaminhado por Joice aos assessores foi o seguinte: “Ele me falou que se precisar de alguma coisa, ele vai me acionar. Mas que, por enquanto, está sob controle, que até o PT está querendo ajudar e está tudo bem.”
A mensagem tinha sido enviada por Carla Zambelli a um interlocutor no dia 2 de maio, durante a votação do Plano Mansuetto, para equilíbrio fiscal de estados e municípios.
Joice orienta sobre como deveria ser produzido um vídeo contra a deputada bolsonarista.
“Faz um videozinho bem curtinho aí, bota a cara da Carla com o áudio e faz um sarcasmo: ‘viu? Todo mundo sacou que Lula e Bolsonaro são a mesma coisa. Até o PT ajudando contra Moro’. Vai nessa linha, ‘Carla Zambelli confirma’.”, disse a ex-líder do governo aos assessores dela.
Em outro momento, Joice Hasselmann envia uma nova mensagem de voz em que descreve uma espécie de roteiro de como gostaria que o vídeo fosse feito.
“Pode fazer até num tom — estou te mandando um aí que o pessoal da agência fez — pode ser num tom de deboche, sabe? Tipo naqueles que diz assim… bota a imagem dela, aí, ‘ele diz que está tudo bem’, e aparece a cara do Bolsonaro. ‘Que se precisar, me aciona’, aí bota ela [Carla] com uma cara de retardada, que é o que ela tem. ‘Até o PT tá a favor’, aí bota o Lula e a Dilma dando risada, alguma coisa assim. E aí dá uma zoadinha no final.”
Em outra série de áudios, a deputada Joice Hasselmann cobre de um auxiliar dela a alteração de um ‘meme’, segundo ela, que estava sendo produzido no gabinete após a deflagração da operação da Polícia Federal, por autorização do Supremo Tribunal Federal, contra pessoas acusadas de produzir e financiar fake news.
“Jean, arruma esse meme aí para mim. Eu só quero que você tire dele o menino, o Fakhoury, que é o último ali embaixo, que está com oclinhios (sic), é o último do lado direito. Acho que ele não foi pego, não tem nada a ver com isso. E o Luciano Hang, porque, p*, não quero bater no Luciano. O resto você pode deixar tudo. Então, você pode aumentar a foto ali do Carlos, do Jefferson, do Allan. […] Também acho que você poderia tirar a foto do príncipe. Por mais que ele tenha sido pego, eu acho que ele não tem grande coisa a ver com isso, não. Acho, não tenho certeza. O resto, toca o pau.”
Ela volta a cobrar do homem, chamado Jean, as alterações que havia determinado.
“Cadê os que eu mandei você tirar? Ô Jean, mandei você tirar o Luciano Hang, o Luciano tá aí, mandei tirar o Otavio Fakhoury, que é o último lá do cantinho com óculos, ele tá aí.”
Pelos dados da Câmara, o único funcionário com nome Jean lotado no gabinete da deputada é o secretário parlamentar Jean Raphael Tadeu Mendes da Silva, admitido no dia em que foi deflagrada a operação.