Direção dos Correios diz que greve não afeta serviços postais

A direção dos Correios afirmou, em nota, que a greve aprovada pelos trabalhadores da empresa na noite desta terça-feira (10) ainda não afetou os serviços postais, financeiros e de conveniência prestados nos mais de 12 mil pontos de atendimento espalhados pelo país.

Em nota divulgada na tarde desta quarta (11), a diretoria da empresa classifica a iniciativa dos empregados da estatal de “paralisação parcial”. Segundo a diretoria, 82% do efetivo total das agências estão trabalhando normalmente nesta quarta-feira. Em Brasília, o percentual é de 88,47%, de acordo com a empresa.

Para minimizar eventuais impactos futuros à população, os Correios colocaram em prática seu Plano de Continuidade de Negócios, que prevê medidas como o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação, remanejamento de veículos e a realização de mutirões.

A Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect) afirmou que o movimento é nacional, por tempo indeterminado. A reportagem não conseguiu contato com os dirigentes sindicais após os Correios divulgarem a nota.

Em assembleia realizada no dia (10) à noite, em São Paulo, o vice-presidente da Findect, Elias Cesário de Brito Júnior, afirmou que a categoria foi “empurrada” para a greve. “Não queríamos entrar em greve. Queríamos continuar trabalhando como sempre fizemos, servindo à população e defendendo nossos empregos. Há mais de três meses estamos negociando, colocando a pauta de reivindicações em nível nacional. O TST [Tribunal Superior do Trabalho] teve que intervir”, disse, durante a assembleia.

Além de ser contrária à proposta de privatização dos Correios, a categoria reivindica a prorrogação do Acordo Coletivo de trabalho (ACT), que venceu em 31 de julho, a reposição das perdas inflacionárias dos últimos anos e a manutenção do vale-alimentação e do plano de saúde.

No mês passado, o governo federal incluiu os Correios no Plano Nacional de Desestatização (PND) e inaugurou a fase de estudos para privatizar, total ou parcialmente, a empresa e outras estatais. A abertura de estudos não indica necessariamente que uma empresa será privatizada, restando, como alternativa para as companhias federais incluídas no plano, a assinatura de parcerias com o setor privado.

De acordo com Martha Seillier, secretária especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), da Casa Civil, o objetivo inicial dos estudos é analisar a viabilidade econômica dos ativos federais (empresas, ações e serviços) e o possível impacto de parcerias com a iniciativa privada.

A negociação das cláusulas do acordo foi parar no Tribunal Superior do Trabalho (TST), que, na semana passada, após várias tentativas de compatibilizar os interesses de trabalhadores e da empresa, decretou a extinção do procedimento de mediação e conciliação pré-processual. Segundo a assessoria do tribunal, a direção dos Correios não aceitou a proposta de prorrogar o acordo coletivo para permitir o prosseguimento das negociações, que, segundo a assessoria do tribunal, “evitaria a greve da categoria”.

“Querem reduzir radicalmente os salários e benefícios para diminuir custos e privatizar os Correios”, informou a Findect, entidade que reúne os sindicatos que representam os cerca de 100 mil empregados da empresa. “Para manter nosso acordo coletivo, repor as perdas aos salários e manter os empregos, teremos que lutar.”

A direção dos Correios afirma ter apresentado aos representantes dos trabalhadores os números que revelam a “real situação econômica da estatal”. De acordo com a direção da empresa, os prejuízos operacionais acumulados chegam a R$ 3 bilhões.

Categorias