O chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, disse em entrevista ao jornal O Globo, que Henrique Mandetta, ex- ministro da saúde, assustou ministro do STF com previsão de 400 mil mortos no país pela Covid-19.
“Se sou ministro do Supremo e vejo aquilo ali, fico assustado”, disse o general ao jornal. Ele afirma que o advogado-geral da União, André Mendonça , esteve na conversa entre Mandetta e membros do STF, classificando o encontro como uma “sessão de terror” .
O ministro disse ainda que a decisão de não punir Eduardo Pazuello, foi “extremamente pensada”.
General da reserva, Ramos declara ainda que é preciso aceitar o presidente Jair Bolsonaro “é o comandante supremo” das Forças Armadas.
Ramos também afirma que o presidente tem a prerrogativa de editar medidas contra o isolamento e que fez “a coisa correta” durante a crise de saúde pública.
Ramos avaliou que a “história de vida” pesou para que o general fosse absolvido. “O passado pesa na decisão do comandante. Não é só no caso do Pazuello. Em qualquer transgressão disciplinar, de soldado a general, são analisadas as condicionantes da transgressão e a pessoa do transgressor”, disse ele.
“O comandante do Exército, ao analisar a história de vida do Pazuello, considerou que aquele fato não se constituiu transgressão. Você não pode usar pesos iguais com pessoas que têm comportamentos diferentes. Se o militar nunca fez nada errado e comete um deslize, ele vai ser punido com dez dias de cadeia? Isso não existe. Cada caso é um caso”, acrescentou Ramos.
Quando o Exército decidiu que não houve transgressão de Pazuello em participar de um ato político, isso abre as portas para outros militares fazerem o mesmo?
O passado pesa na decisão do comandante. Não é só no caso do Pazuello. Em qualquer transgressão disciplinar, de soldado a general, são analisadas as condicionantes da transgressão e a pessoa do transgressor. O comandante do Exército, ao analisar a história de vida do Pazuello, considerou que aquele fato não se constituiu transgressão. Você não pode usar pesos iguais com pessoas que têm comportamentos diferentes.
Mas isso não acaba sendo uma vitória da indisciplina?
A interpretação do general Paulo Sérgio (comandante do Exército) foi diferente da que todo mundo esperava. Teve uma reunião virtual em que ele discutiu com o Alto Comando para avisar qual era a decisão. Foi uma decisão extremamente pensada. Mas isso não é assunto da minha pasta.
CRISE DE SAÚDE PÚBLICA
Ramos disse ainda que é prerrogativa do presidente, por exemplo, editar um decreto para garantir a liberdade de ir e vir durante a crise de saúde.
O ministro disse acreditar que os ministros do STF estavam assustados quando reconheceram os poderes de estados e municípios para agir na pandemia.
“Faltou um debate nacional. O ministro (da Advocacia-Geral da União) André Mendonça é testemunha ocular disso. Logo no início da pandemia, o (então) ministro da Saúde (Luiz Henrique) Mandetta foi convidado para ir ao Supremo. (Ele disse) que na pandemia iam morrer 400 mil pessoas, que ia não sei o quê… O André Mendonça diz que foi uma sessão de terror. Se sou ministro do STF e vejo aquilo ali, fico assustado. Faltou um debate. Faltou a gente conversar. Não houve isso. Foi goela abaixo.”
CPI
Ramos disse que não, mas crê que “está havendo um uso demasiado político” da comissão para atingir Bolsonaro. “Não vão conseguir porque o presidente fez a coisa correta”, disse
Em relação o trabalho de Pazuello à frente do Ministério da Saúde, Ramos avalia que ele fez o trabalho que podia dentro das condições. “A gestão dos estados, o problema no oxigênio… Pergunto o seguinte: na história dessa pandemia, onde estão os prefeitos? Onde estão os governadores? Os secretários municipais de saúde, os secretários estaduais? Foi tudo o Pazuello? É fácil culpar uma pessoa. Vários erros cometidos”, afirmou.
COPA AMÉRICA
Ramos defende a decisão do Brasil de sediar a Copa América.
“O campeonato brasileiro acontecendo, Eliminatórias na 6ª feira [4.jun], os campeonatos estaduais…”, disse
Segundo ele, os governadores são os responsáveis por politizar o torneio. “Realmente, isso aí me incomodou muito. Eu vi claramente que que já estão pensando no país, no que pode ser correto.”
Como exemplo, cita o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O tucano declarou que o Estado não aceitaria sediar partidas. “Não estava previsto”
“Acho que [pensam] o seguinte: ‘Eu não gosto do presidente, sou adversário e, mesmo não sendo convidado, acho que não tem que ter Copa América. Meu Estado não vai sediar’. Ninguém perguntou, ninguém consultou.”
VELHA POLÍTICA
Ramos falou sobre que a distribuição de cargos no governo está ligada ao apoio partidário no Congresso. O ministro afirmou ter percebido que “tinha muita gente que não votava com o governo e tinha vários elementos na Esplanada”. Ele também disse ao jornal que “quem está alinhado ao governo tem direito a ter espaço no governo.”
Segundo Ramos, a diferença entre o governo atual e os anteriores é que, na atual gestão, as alianças não são baseadas em acordos espúrios.
“(Antes) era toma lá, dá cá. Eu te dou um cargo, você vai fazer isso para mim. Havia desvios de recursos. No governo Bolsonaro não foi assim”, disse ele.