O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reagiu nesta terça-feira à preocupação expressada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre as eleições de domingo no país. Na segunda-feira, Lula disse ter ficado “assustado” com a ameaça feita por Maduro de um possível “banho de sangue” caso saia derrotado pela oposição, que lidera as pesquisas de intenção de voto.
“Eu não disse mentiras. Apenas fiz uma reflexão. Quem se assustou que tome um chá de camomila ” declarou Maduro, sem mencionar expressamente Lula, mas citando o mesmo termo usado por ele. Na Venezuela vai triunfar a paz, o poder popular, a união cívico-militar-policial perfeita.
Recentemente, Lula se mostrou preocupado sobre o futuro do país vizinho:
“Fiquei assustado com a declaração do Maduro dizendo que se ele perder as eleições vai ter um banho de sangue. Quem perde as eleições toma um banho de voto, não de sangue — afirmou Lula durante uma coletiva de imprensa com agências internacionais em Brasília. O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica, quando você perde, você vai embora. Vai embora e se prepara para disputar outra eleição”
Maduro diz que vai vencer as eleições e que oposição terá de respeitar o resultado: ‘não quero show, nem choradeira’
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que vai vencer a eleição presidencial marcada para domingo (28) e que a oposição terá de respeitar o resultado. Maduro disse ainda que não quer ver “show, nem choradeira”.
O venezuelano discursou durante um comício na tarde desta segunda-feira (22), em San Cristóbal, no noroeste do país. Aos apoiadores, Maduro disse que tem o apoio das Forças Armadas e se referiu aos opositores como membros da extrema direita.
“Já sei o final do filme. Ninguém vai manchar o processo eleitoral. Não vou permitir isso”, disse.
Maduro prometeu que haverá eleições no dia 28 de julho e disse que derrotará aqueles que pretendem “converter a Venezuela na Argentina de Milei”. Ele acusou a oposição de planejar a privatização de serviços públicos, como a educação.
“Não quero show, nem choradeira. No dia 28 vamos dar ganhar de lavada. Respeitarão os resultados”, afirmou.
Em seguida, a equipe do presidente começou a cantar um jingle eleitoral com o trecho da frase: “Não quero show, nem historinha, os covardes já perderam desde agorinha”.
Na semana passada, Maduro já havia dito que o país poderia enfrentar um “banho de sangue” e uma “guerra civil” caso ele não seja reconduzido ao cargo.
Milhões de venezuelanos no exterior não poderão votar devido a obstáculos do governo
Milhões de cidadãos da Venezuela que vivem fora do país não poderão votar por causa de obstáculos impostos pelo governo do presidente Nicolás Maduro – que disputa a reeleição – ao registro de eleitores no exterior.
A Venezuela tem uma população de 29,4 milhões de pessoas, das quais 21,4 milhões podem teoricamente votar nas eleições presidenciais do próximo domingo, 28, tanto dentro quanto fora do país.
Porém, apenas 69.211 venezuelanos no exterior estão aptos a votar – menos do que nas eleições venezuelanas anteriores, quando havia 110 mil – o que representa uma pequena fração dos cerca de 8 milhões de venezuelanos que, de acordo com dados da ONU, emigraram, embora o governo Maduro alegue que esse número é de 2 milhões.
Dos 8 milhões de venezuelanos que vivem fora do país, cerca de 5 milhões são maiores de idade e deveriam estar aptos a ir às urnas, mas somente 69 mil poderão fazê-lo, conforme disse à Agência EFE Estefania Parra Anselmi, coordenadora internacional do partido Vontade Popular e membro do comando que reúne membros da oposição que vivem na Espanha.
Quase 3 milhões de venezuelanos vivem na Colômbia, o país que acolheu o maior número de pessoas com essa nacionalidade.
Os venezuelanos no Brasil enfrentarão dificuldades para votar, pois só puderam se registrar na embaixada, em Brasília, e no Consulado Geral em São Paulo, os únicos locais onde será possível votar em 28 de julho. Dos sete consulados que a Venezuela tinha no país, cinco foram fechados entre 2019 e 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro, e não reabriram após a normalização das relações bilaterais.
A Espanha é o país europeu com o maior número de migrantes venezuelanos, incluindo muitos líderes da oposição que deixaram a Venezuela nos últimos anos. Entre eles estão Dinorah Figuera, Antonio Ledezma, Diego Arria e Leopoldo López, que trabalharam para a candidatura à presidência de Edmundo González Urrutia e estão confiantes que ele consiga derrotar Maduro nas urnas.
No entanto, eles também temem que Maduro não aceite os resultados ou os manipule, alegando que ele lidera um regime que recorre à trapaça e à fraude. Eles pediram aos governos europeus que tomem medidas para evitar fraudes. Parlamentares de países latino-americanos e do Velho Continente viajarão à Venezuela para observar as eleições presidenciais.
Maduro censura sites de notícias na semana das eleições venezuelanas
A Conatel, autoridade em telecomunicações do país, é apontada como a responsável pelas ordens de bloqueio. Tais ações são críticas em períodos pré-eleitorais, pois comprometem a transparência e a pluralidade essenciais em processos eleitorais. Estes bloqueios não são novidades no regime de Maduro, porém, a escalada em um momento de eleições desperta alertas sobre a integridade do processo eleitoral.
Entre os sites afetados, alguns desempenham papéis significativos no combate às notícias falsas, como o Observatorio Venezolano de Fake News e Cazadores de Fake News, que também sofreram restrições durante a campanha eleitoral. Essa estratégia aponta para uma tentativa de controlar não só a narrativa política mas também a verificação dos fatos que circulam entre a população.