Putin considera ‘construtiva’ primeira reunião com Biden

Presidente russo anunciou que os embaixadores dos dois países voltarão a seus postos como prova de retomada de relações

A primeira reunião de cúpula, em Genebra, entre os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Rússia, Vladimir Putin, foi “construtiva”, afirmou esse último ao comentar o encontro de três horas e meia.

“As conversas foram absolutamente construtivas”, afirmou Putin durante uma coletiva de imprensa em Genebra.

Aperto de mão

Apesar das tensões, a cúpula realizada na elegante Villa La Grange começou com um aperto de mão entre os dois líderes.

Biden tomou a iniciativa e estendeu a mão para Putin. “É sempre melhor nos encontrarmos cara a cara”, disse o presidente dos Estados Unidos no início da reunião

Declarações de Biden sobre Putin

Putin disse estar “satisfeito” com as explicações de Biden sobre as anteriores declarações duras que havia feito contra ele.

“Em relação às declarações duras: bem, o que posso dizer, todos nós conhecemos estas declarações. Depois disso, o presidente Biden me telefonou, nos explicamos, fiquei satisfeito com essas explicações, ele propôs um encontro, foi sua iniciativa, [e] nos encontramos”, disse ele, depois que em março Biden concordou em entrevista com uma questão de Putin ser ou não um “assassino”.

Papel da Rússia e dos EUA no mundo

Vladimir Putin lembrou a especial responsabilidade da Rússia e EUA na preservação da estabilidade estratégica mundial.

“Os Estados Unidos e a Federação da Rússia têm uma responsabilidade especial pela estabilidade estratégica no mundo, baseada, mais que não seja, no fato de sermos as duas maiores potências nucleares, tanto pelo número de munições, ogivas e veículos de entrega, quanto pelo nível, qualidade e modernidade das armas nucleares”, observou.

“Estamos cientes desta responsabilidade”, acrescentou Putin.

EUA são autores do maior número de ataques cibernéticos, diz Putin

O maior número de ataques cibernéticos no mundo é feito a partir dos EUA, e a Rússia não está na lista dos países de topo nesta questão, afirmou também Putin, citando fontes americanas.

“Agora, a propósito de quem deve assumir que compromissos. Quero informá-los sobre coisas que são conhecidas, mas não do público em geral […] Fontes americanas mostram que o maior número de ataques cibernéticos no mundo é proveniente do ciberespaço dos EUA. Em segundo lugar, do Canadá. Depois, há dois países latino-americanos e depois o Reino Unido. A Rússia não aparece nesta lista de países a partir de cujo espaço cibernético é efetuado o maior número de ataques cibernéticos de todo o tipo”, disse o líder russo.

Atividade militar perto das fronteiras russas

O presidente da Rússia referiu também que o país conduz exercícios militares em seu território, tal como os EUA, mas não leva seu equipamento para junto das fronteiras dos EUA.

“Quanto aos exercícios: realizamos exercícios em nosso território, assim como os Estados Unidos conduzem muitos exercícios em seu território. Mas não realizamos exercícios levando nosso equipamento e pessoal para próximo das fronteiras nacionais dos Estados Unidos da América”, comentou.

“Infelizmente, nossos parceiros americanos estão fazendo isso agora mesmo. Portanto, não é o lado americano que deve se preocupar quanto a essa questão, mas o lado russo.”

Na cúpula, a questão da Ucrânia também foi abordada, mas “não posso dizer que em muito detalhe”, disse o presidente da Rússia.

Reconhecimento de vacinas

No encontro com Biden, também foi levantada a questão do reconhecimento mútuo das vacinas.

“Abordamos esse tema, mas apenas de passagem”.

Possível troca de prisoneiros

Sobre uma eventual troca de presos, o presidente russo referiu que, nesta questão, também podem ser alcançados compromissos.

“Falamos sobre isso. O presidente Biden levantou esta questão em relação aos cidadãos americanos presos na Federação da Rússia. Discutimos isso. Podem ser alcançados certos compromissos quanto a isso “, revelou Putin.

Presença no Ártico

Putin disse igualmente que as preocupações dos EUA sobre a militarização do Ártico não têm qualquer fundamento.

“Não estamos fazendo nada lá que não existisse na União Soviética, estamos restaurando a infraestrutura perdida, que na época tinha sido completamente destruída. A infraestrutura militar, a infraestrutura fronteiriça e aquilo que não existia então, a infraestrutura relacionada à proteção ambiental”, respondeu.

“Estamos criando ali uma base para o Ministério para as Situações de Emergência, tendo em mente a possibilidade de ter que resgatar pessoas no mar, se chegarmos a isso, Deus queira que não”, disse Putin na coletiva de imprensa.



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