O presidente do Paquistão, Arif Alvi, dissolveu o Congresso paquistanês, neste domingo (3). Agora o Paquistão terá eleições antecipadas para definir um novo governo, depois que o primeiro-ministro Imran Khan impediu uma tentativa da oposição de obter sua renúncia.
O vice-presidente do Parlamento decidiu bloquear uma monção que tinha como objetivo derrubar Imran Khan..
Na abertura da sessão parlamentar, durante a qual a moção deveria ser examinada, o vice-presidente da Assembleia Nacional, Qasim Suri, aliado de Khan, provocou surpresa ao anunciar que se recusava a submetê-la à votação, julgando-a “contrária à Constituição”.
Khan disse na televisão estatal que havia pedido ao presidente paquistanês que dissolvesse ambas as casas do parlamento para permitir eleições antecipadas. Khan denunciou “interferência estrangeira” atuando por trás, com a intenção de derrubá-lo do poder.
O pedido de Khan foi aceito pelo presidente do Paquistão, Arif Alvi, o que significa que o país terá eleições dentro dos próximos 90 dias
O primeiro-ministro chegou a acusar os Estados Unidos de estarem por trás do processo para tirá-lo do cargo. A poucos dias, Khan acusou os EUA de interferirem nos assuntos paquistaneses. Segundo a mídia local, ele recebeu um relatório do embaixador paquistanês em Washington, que gravou as palavras de um alto funcionário americano dizendo que as relações entre os dois países seriam melhores se o primeiro-ministro deixasse o cargo. Washington negou o fato.
Neste domingo, Imran Khan, 69 anos, novamente acusou os EUA de quererem “mudar o regime” no Paquistão por causa de sua recusa em se alinhar com as posições americanas sobre a Rússia e a China. “Esta traição estava se desenrolando diante dos olhos de todo o país, os traidores estavam sentados lá planejando sua trama”, disse ele, em referência à oposição.
A oposição e o governo apresentaram imediatamente uma série de petições e o Supremo Tribunal paquistanês anunciou que se reuniria, na segunda-feira (4) para ouvir os argumentos relativos à dissolução do Parlamento.
“É de extrema importância que os partidos políticos e funcionários do Estado ajam de acordo com a lei e se abstenham de tomar ações inconstitucionais”, disse o juiz da Suprema Corte, Umar Ata Bandial.
Os dois principais partidos da oposição, o Partido Popular do Paquistão (PPP) e a Liga Muçulmana do Paquistão, dominaram a política nacional por décadas, com períodos de poder pontuados por golpes militares, até que Imran Khan conseguiu formar uma coalizão, prometendo aos eleitores varrer décadas de corrupção.
Desde a independência em 1947, o Paquistão viveu quatro golpes de Estado militares e passou mais de três décados governado pelo exército.
Nenhum primeiro-ministro do Paquistão conseguiu completar o mandato.