Trata-se de uma crítica sem precedentes ao “pai da nação”, cuja personalidade é reverenciada neste tumultuado país da Ásia Central.
“Acho que chegou a hora de prestar homenagem ao povo do Cazaquistão e apoiá-lo de maneira sistemática e regular”, disse Tokayev, acrescentando que “empresas muito lucrativas” deverão contribuir com dinheiro para um fundo estatal.
No mesmo discurso, prometeu realizar reformas, conter a inflação e aumentar os salários, no momento em que essa ex-república soviética rica em hidrocarbonetos sofre a pior crise de sua história recente.
Os distúrbios da semana passada começaram com um protesto pacífico contra o aumento do preço da energia no oeste do país e terminaram com dezenas de mortos e cerca de 10 mil presos.
Cazaquistão e Rússia denunciaram uma tentativa de golpe de Estado com a ajuda de “terroristas” estrangeiros, mas forneceram poucas evidências que apoiassem esse argumento.
A pedido de Tokayev, a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO, na sigla em inglês), liderada por Moscou, enviou tropas para restabelecer a ordem e reforçar as autoridades.
Nesta terça, Tokayev anunciou que “uma retirada gradual” começará em dois dias e vai durar “não mais que dez”.
“A missão principal das forças de paz da CSTO foi concluída com sucesso”, assegurou.
Formado por mais de 2.000 soldados, esse contingente foi enviado no auge da crise, na semana passada, após confrontos armados entre opositores do governo e as forças de segurança e uma onda de saques que deixou a maior cidade do país, Almaty, irreconhecível.
A decisão de enviar tropas foi uma novidade para a CSTO. Apresentada por Moscou como um equivalente da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), esta instituição era, até agora, relutante em interferir nos distúrbios da Ásia Central.
Na semana passada, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, chegou a advertir que, “uma vez que os russos entram em sua casa, às vezes é muito difícil fazê-los sair”.