O presidente do BC ponderou que ao analisar a inflação global, há uma figura mais complicada dos núcleos de inflação na ponta. Os núcleos em alguns países ainda caem, mas em uma velocidade menor. Em outros, porém, estacionaram, e em alguns voltaram a subir um pouco.
Ele reiterou que o processo de desinflação foi puxado pelos preços de alimentos e energia. Destacou o fato de este processo ter se dado em um cenário de pleno emprego.
No entanto, de acordo com o banqueiro central, “o cenário de inflação global ficou mais difícil no último mês e meio”.
COMBATE A INFLAÇÃO
Campos Neto, sugeriu que o Brasil siga comprometido com o combate à inflação por meio da política monetária, sem apelar a medidas para segurar preços ou tarifas.
A afirmação do chefe do BC, que foi indicado originalmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, vem em momento em que a gestão Luiz Inácio Lula da Silva discute uma medida provisória com objetivo de aliviar as contas de luz.
Ao discursar durante evento do Bradesco BBI, Campos Neto defendeu “evitar tentações de controlar preços no curto prazo às custas do fiscal”, sem mencionar medidas específicas.
“A gente já viu que isso não gera uma desinflação, digamos assim, sustentável. E acaba atrapalhando o processo de informação que o preço traz”, disse Campos Neto, que não endereçou suas falas.
Ontem, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse ter recebido aval de Lula para avançar com uma MP que visa conter as conta de luz. Segundo ele, há várias alternativas na mesa, incluindo possível uso de recursos da estatal Pré-Sal Petróleo SA e até do Orçamento da União, que poderia bancar alguns subsídios hoje custeados pelas tarifas.
“Precisamos de políticas que fomentem a credibilidade, para atrair capital estrangeiro”, disse Campos Neto, na sequência, durante o evento do Bradesco BBI.
Campos Neto, cujo mandato encerra-se ao fim deste ano, também foi questionado na conferência sobre qual seria a principal “dica” para o próximo chefe da autoridade monetária, que será definido pelo presidente Lula.
“A coisa mais importante para quem senta na cadeia é ter a firmeza de dizer ‘não’ quando necessário. Vai ser necessário, sempre é em algum momento. Dizer não é importante, porque os ciclos são diferentes, os desejos vão ser diferentes… é importante dizer não e explicar”, afirmou Campos Neto, em referência à diferença entre o ciclo político e o compasso do BC.