Síntese dos pontos da entrevista do Presidente da Câmara de Comércio Brasil – Rússia à TV Izviéstia (traduzida ao português), que foi ao ar em 19.03.2022
- Na sua opinião, a economia russa está realmente destruída, como dizem os EUA, e outros?
Evidentemente que não. A Rússia é um grande país, reconhecidamente como uma das maiores economias do mercado global, não apenas fornecedora de matérias primas, como óleo e derivados, fertilizantes e artigos como paládio e níquel, mas também altas tecnologias e equipamentos manufaturados.
Outros países perdem em demasia com as sanções russas. Vejo que o incremento das relações com a China, já em curso, e com Índia e Brasil irá se acentuar já em um primeiro momento. O interesse é recíproco, inclusive já demonstrado pelas nossas diplomacias.
- Como as sanções russas anti-russas e retaliatórias afetaram a economia global?
Em um momento inicial, as sanções afetam diretamente as compensações internacionais da Rússia e empresas locais, mas também atingem duramente os próprios países que a sancionam, e este não é o caso do Brasil, que não apoia as sanções.
A Rússia terá de fortalecer o relacionamento com países considerados parceiros estratégicos – como é o caso do Brasil, e do BRICS – e desenvolver novas tecnologias para transferências bancárias internacionais, buscar a criação de novos canais com os países que não adotaram sanções.
- Como você vê o destino do dólar como moeda contábil do mundo à luz de todos os problemas econômicos internacionais atuais?
Com a posição de retaliação dos EUA – como sempre acontece – vejo que o processo de desdolarização da economia global deverá se agilizar cada vez mais. Veja a posição da Arábia Saudita, que começa a efetuar transações com a China em moedas correntes. Parece-me que a política intervencionista norte-americana está dando um “tiro no pé”, e o Governo Biden está encontrando bastante resistência dentro de seu próprio país, naturalmente mais entre os republicanosEm resumo, creio que, a partir do fim deste conflito, emergirá um novo cenário internacional, onde se fortalece o Agrupamento BRICS. Esperemos que seja efetivamente multipolar.