Marco Aurélio Mello voltou a criticar a operação da Polícia Federal contra empresários que teriam defendido, em mensagens no WhatsApp, um suposto golpe de Estado em caso de vitória de Lula na eleição presidencial.
Em entrevista ao Estadão, o ex-ministro do STF afirmou que vivemos “tempos estranhos” e que “precisamos pisar no freio”.
“Eu não compreendi os atos de constrição. Vinga ainda no país, ainda bem, a liberdade de expressão […]. Você pode não concordar, mas você brigar na veiculação de ideias é muito ruim. […] Tempos estranhos. Precisamos de temperança, compreensão. Precisamos pisar no freio, porque isso não interessa, principalmente aos menos afortunados. Em termos de governança, de preservação de certos valores, o que interessa é a estabilidade. A paixão, em casos de Estado, merece a excomunhão maior. Estão todos apaixonados”, afirmou Marco Aurélio.
“Eles disseram uma opinião: ‘Olha, ao invés do ex-presidente é preferível o golpe’. Mas em Direito Penal não se pune a cogitação’. Eu tinha o WhatsApp como algo inalcançável. A insegurança passa a imperar“, acrescentou.
Marco Aurélio: “Me arrependo de assinar a carta pela democracia”
O manifesto, elaborado por ex-docentes de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e lido em ato simbólico no dia 11 de agosto, objetiva, segundo seus autores, defender a democracia. Para o ex-ministro, entretanto, o objetivo verdadeiro do documento é demonstrar apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições gerais deste ano.
“Pensei em uma peça de juristas para reafirmar que a democracia veio para ficar. Mas eu vi é que se passou a se utilizar esse manifesto como um instrumento político para se fustigar o atual governo e se apoiar o que seria um candidato da oposição, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva” observou.