PF deve indiciar Bolsonaro, Cid e General, diz imprensa

Fontes da Polícia Federal (PF) afirmam que o relatório final da investigação das joias vai apontar o indiciamento do general da reserva do Exército, Mauro Lourena Cid, no caso das joias sauditas.

O militar é pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro César Cid.

Essa é a primeira vez que o militar aparece nas investigações como suspeito.

Em abril deste ano, a PF começou a apurar a possibilidade de o general ter utilizado o escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Miami para vender as joias pertencentes à Presidência da República. Lourena Cid chefiou o escritório da Apex em Miami durante o governo Bolsonaro.

Mauro Cid filho e Jair Bolsonaro também estão na lista dos que devem ser indiciados no caso das joias.

Os dois últimos já foram indiciados no caso da suspeita de falsificação do cartão de vacina de Covid. A investigação deve ser finalizada nos próximos dias.

A lista de apontados pela PF deve ultrapassar quatro nomes, segundo fontes ligadas à apuração.

A CNN procurou o general da reserva do Exército Mauro Lourena Cid sobre a investigação da PF e aguarda resposta.

Mauro Cid teria dito a PF que entregou em mãos o dinheiro das joias a Bolsonaro nos EUA

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, declarou à Polícia Federal que entregou parte do dinheiro obtido com a venda de joias diretamente ao ex-presidente durante uma viagem oficial a Nova York. Segundo Cid, essa entrega aconteceu em setembro de 2022, quando Bolsonaro estava na cidade para seu último discurso como presidente brasileiro na Assembleia Geral da ONU.

Cid afirmou que o dinheiro, proveniente da venda de relógios de luxo recebidos por Bolsonaro de autoridades estrangeiras, foi entregue em espécie. Esses relógios foram vendidos por Cid nos Estados Unidos em 2022. Conforme fontes da PF, os relógios teriam sido vendidos por cerca de US$ 68 mil, e o valor foi depositado em uma conta do pai de Cid, o general da reserva Mauro Lourena Cid.

Na época, o general reformado residia em Miami e liderava o escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) durante o governo Bolsonaro. Em seu depoimento, Mauro Cid relatou que seu pai sacou os US$ 68 mil de forma parcelada, devido ao limite de saque nos caixas eletrônicos.

Em setembro de 2022, Lourena Cid viajou de Miami a Nova York, onde se encontrou com seu filho, que acompanhava Bolsonaro na viagem oficial, e entregou parte do dinheiro em espécie a ele. Mauro Cid então repassou esses dólares diretamente a Bolsonaro.

Cid também revelou à Polícia Federal que, no final do governo, Bolsonaro pediu que ele vendesse alguns presentes que considerava parte de seu acervo pessoal. Em outra ocasião, parte do dinheiro da venda dos relógios foi entregue a Bolsonaro em Orlando, já em 2023, após o término do governo. Esse dinheiro foi entregue ao ex-presidente pelo segundo-tenente Osmar Crivelatti, que continuou como assessor de Bolsonaro após o fim do mandato.

POSIÇÃO DE BOLSONARO

Procurado, o advogado e assessor de imprensa de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, negou as acusações. Ele afirmou que Bolsonaro não mandou vender nem recebeu dinheiro da venda de joias, e que Cid foi pressionado a fechar o acordo de delação premiada com a PF porque estava preso sem poder receber visitas familiares. Wajngarten também sustentou que Bolsonaro não costumava ter acesso aos presentes recebidos no exterior, citando como exemplo os dois conjuntos de joias trazidos pela comitiva do ex-ministro Bento Albuquerque, dos quais um foi apreendido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos em outubro de 2021. Segundo Wajngarten, Bolsonaro só tomou conhecimento desses conjuntos 14 meses depois.

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