A Otan fez nesta quarta-feira (29), sua maior revisão estratégica dos últimos 30 anos. Na cúpula de Madri, a aliança declarou a Rússia a “ameaça mais significativa e direta” à paz e segurança. A organização também considerou a China um “desafio” aos interesses de seus membros, com suas “ambições declaradas e políticas coercitivas”.
Na cúpula, a Otan ainda oficializou o processo de adesão de Finlândia e Suécia, um dia depois de a Turquia retirar suas objeções – uma mudança que representa uma consequência direta da decisão do presidente russo, Vladimir Putin, de invadir a Ucrânia.
Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, lembrou que o conceito estratégico anterior, elaborado em 2010, considerava a Rússia um “parceiro estratégico”, que refletia uma relação mais amistosa. A China, que agora é um “desafio”, nem sequer era citada no documento anterior.
CHINA
Quem também oficialmente se tornou um foco de preocupação da Otan é a China. A nova estratégia da aliança mostrou que o Ocidente agora enxerga Pequim de uma maneira bem diferente.
“As ambições declaradas e as políticas coercitivas da China desafiam nossos interesses, segurança e valores. A China emprega uma gama de ferramentas políticas, econômicas e militares para aumentar sua presença global e projetar poder, mantendo ao mesmo tempo a opacidade sobre sua estratégia, intenções e desenvolvimento militar” afirma o texto, que orientará a Otan nos próximos anos.
AMEAÇAS
Putin falou nesta quarta pela primeira vez após a oficialização dos pedidos de adesão de suecos e finlandeses à Otan. Em viagem ao Turcomenistão, ele garantiu não considerar um problema a entrada dos dois países na aliança.
“Não temos problemas com Suécia e Finlândia como os que temos com a Ucrânia. Se Suécia e Finlândia desejarem, podem aderir. É assunto deles. Podem aderir ao que quiserem”
O presidente russo, porém, prometeu responder se a Otan instalar infraestrutura nos dois países.
“Foi então que Putin fez ressalvas: “Se contingentes e infraestrutura militares fossem mobilizados lá, seríamos obrigados a responder de forma simétrica e fazer as mesmas ameaças àqueles territórios de onde tiverem surgido ameaças a nós”.