Novo presidente do Comdefesa quer garantir financiamento alternativo para indústria de defesa

Garantir um mecanismo de financiamento para diminuir a dependência da indústria de defesa do orçamento público é uma das principais metas do novo presidente do Comdefesa (Comitê de Defesa) da Fiesp. Carlos Erane Aguiar assumiu o posto na última segunda-feira, 2 de outubro, em uma cerimônia que reuniu os comandantes das Forças Armadas. Em entrevista ao site Indústria de Defesa & Segurança, Aguiar, que também está à frente do Simde (Sindicato das Indústrias de Materiais de Defesa)e do Comdefesa da Firjan, analisa os principais desafios para o setor. De acordo com ele, a alternativa para os empresários enfrentarem a atual crise é investir em exportação.

ID&S: Qual a sua principal missão ao assumir a presidência do Comdefesa de São Paulo?

Carlos Erane Aguiar: São várias as missões que nós temos em mente devido a nossa grande e incansável luta para tornar a indústria de defesa um setor forte. A primeira delas é – junto às autoridades brasileiras, Forças Armadas e a área de segurança pública – conseguir financiamento alternativos. Eu acho que esse é o grande objetivo que todos nós precisamos alinhar porque, depender hoje de orçamento para as Forças Armadas, é uma peça de ficção científica. Depois de 34 anos na luta por um orçamento impositivo, a gente chegou a conclusão de que isso é uma ilusão.

O segundo objetivo que eu posso dizer é tentar unir todas as nossas associações (Comdefesa, Simde e Abimde) com esse propósito de levar para as autoridades uma coesão no sentido de nós seguirmos um rumo na indústria de defesa. A indústria de defesa é muito importante para estar em um segundo plano. Não se leva a sério a indústria de defesa no Brasil. Então a gente vê os ministérios, os comandos das Forças Armadas sem ter como se movimentar e vários projetos ficando para trás. Nós tivemos o Sisfron, o submarino e outros projetos que estão parados.

O Brasil tem que parar de levar a indústria de defesa e segurança como sendo um projeto de governo. Tem que ser um projeto de Estado. O Estado tem que cumprir com a sua missão. Não uma política que um governo eventual possa transformar de um dia para outro, porque perde a credibilidade, as empresas quebram por causa disso. A política que tem que ser defendida pelo nosso Comdefesa é que o Brasil tenha realmente uma política de Estado.

ID&S: O senhor além de ser presidente do Comdefesa de São Paulo, é presidente do Comdefesa do Rio de Janeiro e presidente do Simde (Sindicato das Indústrias de Materiais de Defesa). Qual a sua palavra para os empresários da indústria brasileira de defesa que estão enfrentando a atual crise?

Carlos Erane Aguiar: A perspectiva do Brasil – embora eu seja muito otimista pela reação que podemos ter – é que, pelos próximos dois ou três anos, nós teremos que usar toda a nossa energia para uma política de exportação. O Brasil é muito querido lá fora e, em todos os continentes, é respeitado. Eu estive recentemente na feira DSEI em Londres e constatei isso. Quando se vai conversar com a indústria estrangeira, ninguém fala em crise no Brasil; fala sobre fazer parceria. Os estrangeiros acreditam mais no Brasil do que os próprios brasileiros, do que as autoridades. Então eu acho que tem que haver um esforço enorme para que a indústria brasileira se torne uma indústria de exportação. Temos que acabar com a burocracia. Temos que ter, no mínimo, um financiamento para a exportação. E, que as autoridades ao visitar outros países levem representantes da indústria de defesa. É fundamental nós acertarmos essa política de exportação.

ID&S: Nós temos observado que empresas de segurança privada têm crescido, até pela crise da segurança pública. Qual a importância da segurança como cliente da indústria de defesa?

Carlos Erane Aguiar: A sociedade brasileira de um modo geral colocou sempre a segurança pública como um patinho feio. E hoje, esse patinho feio, se tornou um monstro. Nós estamos vendo hoje nas grandes cidades como a segurança pública se tornou um problema terrível para o desenvolvimento econômico. As empresas estão saindo do Rio de Janeiro pela violência, pela impossibilidade de crescer e de ter seus funcionários seguros. Então eu acho que a segurança tem que ser tratada como outro universo. Agora sem verba para segurança pública a gente não resolve o problema nem do Rio de Janeiro nem do Brasil. A gente tem que ter, volto a dizer, um fundo alternativo para a segurança pública. Aliás, essa é uma tese defendida pelo Ministério da Justiça. Temos que ombrear com as autoridades no sentido de criar mecanismos para não depender de orçamento. Os estados estão praticamente falidos, não têm dinheiro para empregar na segurança pública. E, principalmente, ter uma polícia bem remunerada.

Fonte: Indústria de Defesa e Segurança

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