Desde que o general Tomás Paiva assumiu o comando do Exército em 21 de janeiro de 2023, mais da metade dos integrantes do Alto Comando já foi substituída.
Indicado pelo presidente Lula (PT) durante a crise provocada pelos atos de 8 de janeiro, Tomás já promoveu mudanças em 9 dos 16 membros do colegiado. As substituições ocorreram em março, julho e novembro, renovando cerca de um quarto do grupo a cada ano.
O Alto Comando, formado por 16 generais de quatro estrelas, representa o topo da carreira militar, com mandatos de quatro anos. As reuniões do colegiado acontecem seis vezes por ano no Quartel-General do Exército, em Brasília, em uma sala próxima ao gabinete do comandante.
Dentro da instituição, há quem veja o grupo se ajustando ao estilo de liderança de Tomás Paiva, embora ele tenha apenas um voto nas decisões sobre promoções, segundo informações do jornal O Globo.
Tomás considera a atual composição do Alto Comando coesa e confiável. Entre seus integrantes estão o chefe do Estado-Maior, comandantes de regiões militares, responsáveis por Operações Terrestres e pelo Departamento de Ensino e Cultura, além de diretores de áreas como Engenharia e Finanças.
Dois nomes próximos ao comandante se destacam: o general Richard Fernandez Nunes, chefe do Estado-Maior, promovido ao segundo cargo mais importante do Exército, e o general José Ricardo Vendramin Nunes, comandante Militar do Norte, que lidera tropas em uma região estratégica desde sua promoção em julho de 2023.
Sem “Kids pretos”
No final de 2022, enquanto chefiava a comunicação do Exército, o General Vendramin Nunes rejeitou as críticas direcionadas a generais apelidados de “melancias” — acusados de serem comunistas disfarçados por não apoiarem a suposta tentativa de golpe investigadas pela Polícia Federal (PF).
Sob o comando de Tomás Paiva, o atual Alto Comando não inclui militares conhecidos como “kids pretos”, grupo formado por integrantes das Forças Especiais que ganhou influência durante o governo Bolsonaro. Em 2023 e 2024, não houve representantes dessa especialidade entre os promovidos, encerrando o domínio desse grupo na cúpula do Exército.
No Alto Comando de 2022, durante o governo Bolsonaro, generais como Marco Antônio Freire Gomes, Júlio César de Arruda e Estevam Theophilo representavam os “kids pretos”. Theophilo, que foi indiciado pela PF por envolvimento em uma suposta tentativa de golpe, nega as acusações.
As investigações da PF apontaram o envolvimento de militares ligados aos “kids pretos” em planos para impedir a posse de Lula. Entre os indiciados estão Jair Bolsonaro (PL) e 24 militares, acusados de crimes como tentativa de golpe, abolição do estado democrático de direito e formação de organização criminosa, totalizando 37 investigados.
Se Lula optar por manter Tomás Paiva no comando até o fim de seu mandato, o general terá mais seis rodadas de promoções no Alto Comando, possibilitando novas mudanças na composição do colegiado. Bem avaliado pelo entorno do presidente, Tomás é visto como figura central na estabilização das Forças Armadas após os episódios de 8 de janeiro e as denúncias de suposta tentativa de golpe.
Fonte:https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2024/12/06/sob-lula-exercito-muda-perfil-na-cupula-e-renova-mais-da-metade-do-alto-comando.ghtml
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