O ex-vice-presidente da República, general da reserva e atual senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), comentou sobre o plano “bem tabajara” atribuído ao governo Jair Bolsonaro (PL) .
Mourão admitiu que parte das Forças Armadas discutiu o plano em reuniões que, segundo ele, “não levaram a nenhuma ação”. “Em tese, houve reuniões, mas não levaram a nenhuma ação”, declarou em entrevista ao jornal O Globo, concedida antes da prisão do general Walter Braga Netto, ocorrida no sábado (14).
“Na linguagem militar, nós definimos como ‘ações táticas’ tudo aquilo em que há movimento. Não houve nada disso. Houve pensamento, não passou disso”, disse Mourão
“É uma conspiração bem tabajara, conversas de WhatsApp”, completou Mourão
Ele ainda fez uma comparação com outras tentativas de golpe pelo mundo. “Vamos combinar: golpe não funciona assim. Golpe é como você viu aí na Síria, na Venezuela, na Turquia. É tropa na rua, é tiro, é bomba”, afirmou.
Papel do Exército
Para Mourão, seria necessário que o Alto Comando do Exército aderisse ao golpe, o que não aconteceu. “Claro que seria [necessário adesão do Alto Comando]. Como funcionaria um golpe? Você vai fazer o quê? Fechar o Congresso? Qual objetivo do golpe? Impedir a posse? Não tem nada disso. É um troço sem pé nem cabeça”, afirmou.
“O Exército se baliza por três vetores: trabalhando dentro da legalidade, usando legitimidade e mantendo a estabilidade do país. O Exército não pode ser fator de instabilidade. É óbvio que uma reversão de um processo eleitoral na base da força lançaria o país num caos. Então, o Exército agiu dentro desses vetores. Foi a atitude correta do [general] Freire Gomes [que recusou o golpe], não há o que contestar”, disse Mourão
Plano contra Lula
O ex-vice-presidente desqualificou as investigações da Polícia Federal que revelaram um suposto plano de uma ala do Exército para matar Lula, então recém-eleito, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
“Acho essas questões totalmente fora do contexto. Essa investigação da PF, que levou praticamente dois anos, é um escarafunchar de conversas de WhatsApp e de algumas mensagens de e-mails trocados. A gente nunca sabe o contexto em que isso foi efetivamente tratado.
E também me chama atenção a questão de que eles diziam ‘vamos ter armas, mas vamos matar por envenenamento’. Então pra que ter arma? São coisas surreais, na minha visão.
Os que em estão indiciados me parece um grupo pequeno e que não tinha a mínima condição de executar aquilo que em tese estaria dito que eles iriam executar”, completou Mourão
Mourão disse que “sabia que havia reuniões no Palácio da Alvorada depois do segundo turno”. “Na época, o presidente com os comandantes, o Braga Netto, mas desconheço os assuntos”, disse ele, que alega desconhecer “toda e qualquer conversa nesse sentido [golpe]”. “Nenhuma vez fui chamado para reunião dessa natureza”, disse.
No X, Mourão escreveu que a prisão de Braga Netto atropelou a lei porque o general de quatro estrelas não representaria risco.
Fonte: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2024/12/16/hamilton-mourao-general-golpe-entrevista-bolsonaro.htm
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