Moraes desmarca reunião com defesa após informação de ‘apuração paralela’ nas eleições

O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, se irritou com a divulgação pelo jornal Folha de S. Paulo de que as Forças Armadas pretendem fazer uma espécie de “apuração paralela” no dia da eleição e decidiu desmarcar uma reunião prevista para esta terça-feira (13), com o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira.

O encontro não estava previsto na agenda oficial de Moraes, mas até a noite do último domingo (11) a equipe das Forças Armadas havia recebido confirmação extra oficial do tribunal e se preparava para a reunião.

A situação da “apuração paralela” pegou a corte eleitoral de surpresa e interrompeu as conversas.

Segundo reportagem da Folha, os militares planejam pegar 385 boletins de urna (BUs) aleatoriamente para cruzar os dados compilados pelos militares com a apuração do TSE.

Segundo a equipe da coluna apurou, Moraes se irritou com a “guerra de narrativas” em torno do sistema eleitoral brasileiro.

Para o ministro, somar BUs não é “apuração paralela”, já que para isso seria necessário somar todos os boletins das mais de 400 mil urnas, o que seria impossível.

O ministro também não gostou da informação de que a tal “apuração paralela” seria um privilégio aos militares, quando na verdade “não houve nenhuma alteração do que definido no primeiro semestre, nem qualquer acordo com as Forças Armadas ou entidades fiscalizadoras para permitir acesso diferenciado”, segundo o próprio TSE destacou em nota pública.

Esses boletins — uma espécie de extrato com os votos computados em cada urna — são impressos e fixados em cada seção eleitoral ao fim da votação. No início do ano, o TSE já havia informado que ia disponibilizá-los também na internet.

Ou seja: as Forças Armadas poderão somar quantos BUs quiserem, assim como qualquer outro brasileiro com acesso à internet que visitar o site do TSE no dia da eleição.

Integrantes do tribunal também rechaçaram a versão de que o tribunal vai disponibilizar os dados brutos da votação.

Depois da divulgação do plano dos militares, alguns dos envolvidos na iniciativa disseram que o que será feito não é uma “apuração paralela” e sim uma checagem da totalização por amostragem — o que, sim, poderia ser feito por qualquer entidade ou qualquer pessoa.

A globo apurou que Paulo Sérgio e Moraes trocaram mensagens nesta segunda-feira (12) para distensionar o ambiente e tentar reagendar o encontro.

Fonte: https://oglobo.globo.com/blogs/malu-gaspar/post/2022/09/moraes-se-irrita-com-apuracao-paralela-e-desiste-de-reuniao-com-militares.ghtml

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