Moradores de Porto Alegre precisam deixar suas casas pela 2ª vez: Pesadelo sem fim

A forte chuva que voltou a cair em Porto Alegre hoje desanimou aqueles que precisaram sair de casa em meio ao alagamento.

O nível do Guaíba registrava 3,86 metros no Cais Mauá às 11 horas desta quinta-feira. Especialistas preveem que o volume de água permanecerá acima da cota de inundação até o início de junho. Segundo dados da Defesa Civil, 163 pessoas já faleceram no Rio Grande do Sul devido às enchentes.

A prefeitura emitiu avisos para que moradores do sul, extremo sul e das ilhas da capital não retornem para casa. O pedido foi feito devido à “possibilidade de uma nova elevação no nível do Guaíba nessas localidades”, informou a prefeitura em nota.

Marcelo de Campos Barbosa, comerciante de 44 anos e morador da Vila Farrapos, na zona norte da capital gaúcha, está em Imbé, no litoral do estado, sem previsão de retorno devido ao alagamento em uma das áreas mais afetadas pela enchente. Diariamente, ele recebe vídeos de moradores que continuam fazendo rondas de barco pela região. Sua casa permanece coberta pela água.

A chuva também prejudicou o trabalho dos funcionários da prefeitura de Porto Alegre, que estão removendo os entulhos das ruas. Em um desses pontos, há uma montanha de lixo em uma área pública improvisada para coleta.

Em apenas três dias, já foram recolhidas pelo menos 4 mil toneladas de entulho. A previsão dos funcionários da prefeitura é que a situação só se normalize em um prazo de pelo menos dois meses.

A água subiu rapidamente no fim da manhã de hoje no trecho entre as avenidas Padre Cacique, Praia de Belas e José de Alencar. Um carro quase foi submerso na José de Alencar, obrigando o motorista a abandonar o veículo. Uma lixeira também foi levada pela enchente, enquanto as pessoas saíam às pressas dos locais onde estavam.

Com uma mochila nas costas, a enfermeira Bruna Cristina Dias, de 23 anos, saiu do prédio onde mora na avenida Praia de Belas com a água já na altura da cintura.

Resgatada de barco há pouco mais de duas semanas, ela ficou na casa de parentes e retornou ontem para o apartamento. Mas a tentativa de retomar a normalidade durou apenas algumas horas.

Logo depois, a empresária Vitória Luz da Silva, também de 23 anos, saiu do mesmo prédio visivelmente abalada. Natural de Santa Cruz do Sul, ela se mudou para Porto Alegre no começo do ano. No entanto, o trauma das enchentes já a faz considerar retornar para sua cidade natal.

Chuvas afetam outras cidades

Chuva forte foi registrada no oeste e no sul do estado. Mais de 45 milímetros foram contabilizados em municípios como Jaguarão, Canguçu e Bagé, informou o MetSul.

Em Pelotas, cidade em estado de calamidade devido à cheia na Lagoa dos Patos, chegou a chover granizo. Ventos acima de 70 km/h também foram registrados.

Expectativa é de que mau tempo continue. Há risco de 100 milímetros de chuvas em 24 horas nos pontos já atingidos do oeste e do sul do estado.

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