Benny Gantz renunciou ao gabinete de guerra de Israel e deixou o governo de emergência de Benjamin Netanyahu neste domingo (9). O anúncio foi feito um dia após uma operação das Forças de Defesa de Israel (FDI) que resgatou quatro reféns israelenses em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza.
O resgate resultou na morte de outros três reféns, incluindo um cidadão dos Estados Unidos, conforme informado pelo grupo terrorista Hamas.
“Netanyahu está nos impedindo de avançar rumo a uma verdadeira vitória. É por isso que estamos deixando o governo de emergência hoje, com o coração pesado, mas com plena confiança”, disse Gantz em coletiva de imprensa televisionada.
Confira a entrevista da BBC sobre os civis palestinham que mantinham os reféns presos:
As Forças de Defesa de Israel acusaram formalmente um jornalista da Aljazeera de manter reféns israelenses presos em sua casa. A Aljazeera é uma rede estatal de notícias do Qatar, o país que há anos oferece apoio, segurança e salvo conduto para os líderes do grupo terrorista Hamas.
O Gabinete de Guerra de Israel era composto pelo primeiro-ministro Netanyahu, pelo ministro da Defesa, Yoav Gallant, e por Gantz, ex-comandante das Forças Armadas de Israel.
“Decisões estratégicas fatais são recebidas com hesitação e procrastinação devido a considerações políticas”, disse Gantz.
Gantz havia dito anteriormente que seu partido da União Nacional (centro-direita) se retiraria do governo caso Netanyahu não bolasse um plano para o resgate dos reféns e para o futuro da guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza. Na ocasião, Netanyahu havia pedido para ele não deixar o cargo e dito “devemos permanecer unidos. (…) Não desistam da unidade”.
Em resposta ao anúncio, Netanyahu repetiu o discurso: “Israel está em uma guerra existencial em várias frentes. Benny, agora não é hora de abandonar a luta, é hora de unir forças.”
O partido da União Nacional era a única força de centro da coalizão de direita de Netanyahu. Com sua saída, as cadeiras do governo na Assembleia Legislativa, o Knesset, caíram para 64 assentos dos 120 totais. Netanyahu ainda tem maioria.
PRESSÃO INTERNACIONALNas últimas semanas, Israel tem enfrentado pressão internacional devido a suas ações na guerra, como a invasão a Rafah, no sul de Gaza, que abrigava mais de um milhão de palestinos refugiados e forçou o deslocamento em massa dessas pessoas para outras regiões do país desde o início de maio.
Na operação de resgate dos reféns realizada pelo Exército israelense no sábado (8), 247 palestinos morreram e outros 698 ficaram feridos, alguns em estado grave, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas.
No final de maio, um bombardeio israelense em Rafah provocou um incêndio em um acampamento de refugiados que matou ao menos 45 palestinos.
Em meio a negociações por um cessar-fogo com troca de reféns, Gantz expressou seu apoio ao acordo apresentado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, que atua como intermediador junto ao Egito e Catar. “Exijo que o primeiro-ministro mostre a coragem necessária para apoiá-lo e faça tudo para fazê-lo avançar”, disse o político.
Benjamin Netanyahu enfrenta pressão política interna e busca a reeleição, o que o leva a rejeitar repetidos acordos de cessar-fogo na guerra e tomar mais ações militares para uma “vitória total” sobre o Hamas.
Na sexta (24), a Corte Internacional de Justiça, o tribunal mais alto da Organização das Nações Unidas (ONU) para julgar disputas entre Estados, ordenou que Israel interrompesse todas as operações militares em Rafah.
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