Menos de três semanas depois de militares da reserva defenderem uma “intervenção” na França, um grupo da ativa publicou uma carta aberta afirmando que uma guerra civil está se formando no país, e pedindo que o presidente francês, Emmanuel Macron, tome alguma medida diante do “colapso” que a nação estaria enfrentando.
Oficiais franceses na ativa expressaram apoio aos apelos feitos no final de abril por generais aposentados e outros oficiais superiores advertindo sobre o perigo de “desintegração da França”.
Os militares alertam que a situação no país pode se tornar crítica.
“Vimos com os nossos próprios olhos os subúrbios abandonados, a conciliação com a criminalidade. Sofremos as tentativas de instrumentalização de várias comunidades religiosas, para as quais a França não significa nada, mas sim um objeto de sarcasmo, desprezo e até ódio”, completam.
“Se explodir uma guerra civil, os militares manterão a ordem em seu próprio solo (…) a guerra civil está-se formando na França, e vocês sabem disso perfeitamente”.
“Tomem providências, senhoras e senhores. […]. Trata-se da sobrevivência do nosso país, do seu país”, conclui a carta aberta dos militares franceses.
“Vocês podem argumentar que não é o papel do Exército dizer isto. Pelo contrário: por sermos apolíticos em nossa avaliação da situação, estamos fazendo uma constatação profissional. Porque temos visto este declínio em muitos países em crise. Ele precede o colapso. Ele anuncia caos e violência e, ao contrário do que vocês dizem aqui e ali, este caos e violência não virão de um ‘pronunciamento militar’, mas de uma insurreição civil”.
A revista Valeurs Actuelles publicou a carta, assinada por mais de 100.000 pessoas, entre militares e civis.
“Nossos camaradas seniores são combatentes que merecem ser respeitados. São, por exemplo, militares idosos cuja honra vocês pisotearam nas últimas semanas. São os milhares de servidores da França, signatários de uma tribuna de bom senso, militares que deram seus melhores anos para defender nossa liberdade, obedecendo a suas ordens, para combater suas guerras ou implementar suas restrições orçamentárias […]. Essas pessoas que lutaram contra todos os inimigos da França, vocês os chamaram de facciosos quando sua única culpa é amar seu país e lamentar seu declínio visível”, lê-se na carta dirigida às autoridades francesas.
Os militares signatários, que iniciaram recentemente sua carreira militar, declararam que a sua missão era “ter a honra de dizer a verdade”, dizendo que para eles “é igualmente impossível permanecer em silêncio”.
“Quase todos nós já vimos a Operação Sentinela. Vimos com nossos próprios olhos os subúrbios abandonados, as acomodações com delinquência. Suportamos as tentativas de instrumentalização por parte de várias comunidades religiosas, para as quais a França não significa nada – nada além de um objeto de sarcasmo, desprezo e até mesmo ódio”, diz a carta aberta.
O ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, denunciou nesta segunda-feira (10) uma “manobra grosseira” e a “falta de coragem” de “pessoas anônimas”, frisou em entrevista. “Que sociedade corajosa essa que dá a palavra para pessoas no anonimato. Parece que estamos em uma rede social”, disse Darmanin.
Confira a análise no canal Pátria & Defesa:
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