Militares da reserva ameaçam intervenção na França

Um carta aberta de 1200 militares da reserva, incluindo 24 generais, está circulando na França. Os oficias acenam para uma intervenção no país.

A carta diz que a França está em perigo e que a ausência de ação contra o islamismo e as “hordas suburbanas” uma referência aos residentes, em sua maioria de imigrantes, das periferias das cidades francesas- levará o país a uma guerra civil.

“Não é mais hora de adiar, caso contrário amanhã a guerra civil acabará em caos e mortes, pelas quais você será responsável, na casa dos milhares”, conclui a carta.

Marine Le Pen

Marine Le Pen, líder da direita na França e candidata na eleição presidencial de 2022, saiu em apoio aos signatários da carta.

“Estamos prontos para apoiar políticas que levem em consideração a salvaguarda da nação. Por outro lado, se nada for feito, a frouxidão continuará a se espalhar inexoravelmente na sociedade, acabando por causar uma explosão e a intervenção de nossos companheiros ativos em uma missão perigosa para proteger nossos valores civilizacionais. Contaremos milhares de mortos que estão sob sua responsabilidade.”, diz trecho do documento 

Os oficiais então acenam com uma intervenção caso Macron não aja para “erradicar os perigos” que estariam levando o país ao declínio.

As Forças Armadas do país têm mais de 300 mil membros e milhares de oficiais na reserva.

Governo francês pede punição de militares que ameaçaram ‘intervenção’ em carta aberta

O governo e os partidos de esquerda condenaram veementemente a carta, e Florence Parly disse que os militares na ativa desrespeitaram uma lei que proíbe que eles se posicionem politicamente.

A ministra das Forças Armadas da França, Florence Parly, disse que vai punir membros do Exército que assinaram uma carta aberta ameaçando uma intervenção no país caso o presidente Emmanuel Macron não aja para “erradicar os perigos” que estariam levando a sociedade a uma “guerra civil”.

Florence Parly – Ministra das Forças Armadas da França

SAIBA MAIS

A iniciativa do texto partiu do ex-capitão Jean-Pierre Fabre Bernadac, de 70 anos, que abandonou o uniforme em 1987 e depois se converteu em agente de segurança de um grupo de luxo, observa o jornal liberal L’Opinion. A publicação destacou em sua manchete: “Exército e extrema direita: militares da reserva sonham com uma insurreição”.

O documento foi publicado no dia em que o “Golpe dos generais” de 21 de abril de 1961, também chamado de “Golpe de Argel”, completou 60 anos. Na época, um grupo de militares, liderados por quatro generais, tentou dar um golpe de Estado contra o então presidente Charles de Gaulle por ele ter decidido abrir mão da colonização da Argélia. 

Em suma, as Forças Armadas se engajariam contra a “desintegração” do país para a “erradicação dos perigos” que o ameaçam, como o “islamismo, as hordas das periferias [no caso da França, habitadas majoritariamente por imigrantes e seus descendentes], um certo antirracismo”, prossegue o texto. A carta também defende “os franceses de coletes amarelos que expressam seu desespero”.

Entre os generais signatários do texto figura Christian Piquemal, já punido em 2019 por participar de uma manifestação em Calais (norte) contra a “islamização da Europa”. Mas nenhum general cinco estrelas do Exército endossou .  

Questionada se não via uma ameaça de guerra civil no país, em entrevista à rádio France Info, a líder populista disse que não havia nada de novo nessa constatação. “A situação no nosso país é tão grave (…) vários políticos já falaram em situação de guerra civil em certos bairros da periferia”, afirmou Marine Le Pen.

Marine Le Pen diz compartilhar a “aflição” manifestada pelos militares franceses, que devem “se levantar para salvar o país”. A um ano da eleição presidencial, a candidata convida “os patriotas” a se unir a ela nesta “batalha pacífica”. 
  



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