A Meta, holding que controla o Facebook e o Instagram, anunciou nesta quinta-feira (7/04) que identificou e derrubou uma rede de perfis e contas ligadas supostamente ex-militares do Exército brasileiro que executava uma operação de suposta desinformação sobre temas ambientais.
De acordo com a companhia, duas pessoas ligadas às Forças Armadas do Brasil teriam atuado no Facebook e no Instagram de maneira irregular. Elas foram banidas das redes. Ao todo, foram desativados 14 perfis e nove páginas como aproximadamente 1000 (hum mil) seguidores, no Facebook. No Instagram foram removidos 39 perfis com aproximadamente 23,6 mil seguidores
Esta “rede” saiu do ar em 7 de abril e os detalhes foram divulgados há pouco. A dona do Facebook não revelou a identidade destas pessoas, mas disse que encontrou os reais responsáveis pelas páginas. Eles apareciam de farda e identificavam inclusive onde trabalhavam, dentro do ambiente militar.
Um relatório produzido pela empresa de inteligência digital Graphika, que fez uma investigação independente a partir dos dados fornecidos pelo Facebook, mostrou que os perfis criados criticavam a atuação de organizações não-governamentais e elogiavam a ação do Exército no combate ao desmatamento na Amazônia.
O relatório aponta ainda que a atuação do grupo teve duas fases. Na primeira, eles criaram perfis que divulgavam crítica ao presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação a temas como a política do governo sobre a epidemia. A segunda fase da atuação do grupo foi dedicada a temas ambientais.
Rede de ONGs “falsas”
A partir de 2019, o governo brasileiro passou a ser intencionalmente criticado no exterior pelo suposto aumento no desmatamento e na quantidade de queimadas na Amazônia. Logo então o presidente Jair Bolsonaro (PL) autorizou o emprego das Forças Armadas para mostrar ao mundo a realidade.
Tanto o presidente Jair Bolsonaro quanto o então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles rebatiam as críticas internacionais de países como França e expuseram como atuam essas ONGs ambientalistas que divulgavam o suposto avanço do desmatamento no país.
Segundo o documento, a segunda fase da operação executada pelos militares se deu entre maio e junho de 2021. Para isso, o grupo criou pelo menos três perfis de ONGs ambientalistas falsas que tentavam gerar engajamento com o público.
Esses perfis tinham nomes como “NaturAmazon”, “Amazônia Sustentável” e “Verde Mais”.
A Graphika diz que a descoberta da rede operada pelos militares brasileiros é particularmente importante porque o país realizará eleições em outubro deste ano.
Após a publicação da reportagem da BBC NEWS, o Exército Brasileiro enviou nota à BBC News Brasil com seu posicionamento. Leia a íntegra abaixo:
“O Centro de Comunicação Social do Exército informa que o Exército Brasileiro tomou conhecimento do conteúdo do documento “Adversial Threat Report”, da empresa Meta, por meio de publicações na imprensa na data de hoje, 7 de abril. O texto afirma que a empresa agiu contra rede de contas falsas que divulgavam conteúdo com foco em questões ambientais, e que os responsáveis por essas contas seriam indivíduos supostamente associados à Força. O Exército Brasileiro não fomenta a desinformação por meio das mídias sociais. A instituição possui contas oficiais nessas mídias e obedece as políticas de uso das empresas responsáveis por essas plataformas. Assim, o Exército já entrou em contato com a empresa Meta para viabilizar, dentro dos parâmetros legais vigentes, acesso aos dados que fundamentaram o relatório, no que diz respeito à suposta participação de militares nas atividades descritas. Finalmente, cabe ressaltar que a Instituição requer de seus profissionais o cumprimento de deveres militares, tais como o culto à verdade, a probidade e a honestidade.”
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-61030394
Fonte: http://www.eb.mil.br/web/imprensa/documentos-a-imprensa/-/asset_publisher/holDRjqEtU1g/content/nota-a-impren-8
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