O movimento consistiu numa série de manifestações, ou “marchas”, organizadas principalmente por setores do clero e por entidades femininas. A primeira dessas manifestações ocorreu em São Paulo, a 19 de março, tendo como principal articulador o deputado Antônio Sílvio da Cunha Bueno, apoiado pelo governador Ademar de Barros, que se fez representar no trabalho de convocação por sua mulher, Leonor de Barros.
Preparada com o auxílio da Campanha da Mulher pela Democracia (Camde), da União Cívica Feminina, da Fraterna Amizade Urbana e Rural, entre outras entidades, a marcha paulista recebeu também o apoio das classes produtoras do estado, através da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo.
O manifesto de convocação contou com a assinatura de 30 entidades lideradas pelo Conselho de Entidades Democráticas, representado por André Faria Pereira. O jornal O Estado de S. Paulo divulgou a manifestação, que contou com a participação de cerca de trezentas mil pessoas, entre as quais Auro de Moura Andrade, presidente do Senado, e Carlos Lacerda, governador do estado da Guanabara. A marcha saiu da praça da República e terminou na praça da Sé, com uma missa “pela salvação da democracia”. Durante o trajeto foi distribuído o Manifesto ao povo do Brasil, convocando a população a reagir contra Goulart.
A iniciativa da Marcha da Família repetiu-se em outras capitais, mas já após a tomada do poder pelos militares, o que as tornou conhecidas como “marchas da vitória”. A marcha do Rio de Janeiro, articulada pela Camde, levou às ruas cerca de um milhão de pessoas no dia 2 de abril de 1964.
Fonte: Iara Huber e Carlos Leahy
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