‘Lula não entra em Portugal se eu for eleito’, diz líder da direita do país

O líder do Chega, partido de extrema direita de Portugal, afirmou que caso ele seja eleito primeiro-ministro nas eleições legislativas do país, marcadas para o próximo domingo, 10, Lula da Silva, não poderá entrar no país europeu.

André Ventura apontou que Lula poderia ter o desejo de viajar a Portugal para participar dos 50 anos da Revolução dos Cravos, que derrubou o salazarismo e deu início a implementação de um regime democrático no país. O aniversário da revolução será comemorado em abril deste ano.

“Se o Chega vencer as eleições legislativas, o senhor presidente do Brasil não vai entrar em Portugal”, afirmou Ventura durante um compromisso de campanha na quarta-feira, 6. “Eu garanto que se eu for primeiro-ministro, o senhor Lula da Silva ficará no aeroporto e, se insistir, vai para uma cadeia”. Ventura também afirmou que “ficar preso não será uma grande novidade para Lula”. O petista ficou preso por 580 dias em Curitiba, e saiu da cadeia em novembro de 2019.

Portugueses vão as Urnas neste domingo

A eleição deste domingo, que ocorre dois anos antes do previsto, foi convocada após o primeiro-ministro, o socialista António Costa, renunciar em novembro na esteira de investigação sobre supostas ilegalidades na administração estatal de grandes projetos de investimento.

Pesquisas apontam que, no domingo, nenhum partido será capaz de conseguir maioria absoluta. Partido de direita está à frente, mas coalizão de esquerda teria ligeira vantagem

A pesquisa mais recente, divulgada pelo jornal português Público, mostra que a Aliança Democrática, coalizão de três partidos de direita comandados pelo Partido Social Democrata (PSD), deve ter a maior bancada no parlamento. A legenda teria 34% das intenções de voto, contra 28% da coalizão de esquerda, comandada pelo Partido Socialista (PS).

Com isso, o cálculo passa a contar as coalizões com partidos menores.  Assim, a esquerda passa à frente, já que Partido Socialista, Bloco de Esquerda, Coligação Democrática Unitária (CDU) e Livre teriam 41% das intenções de voto, ante 40% da união da AD com a Iniciativa Liberal.

A pesquisa projeta a AD com uma margem entre 88 a 98  cadeiras, ante 70-80 do Partido Socialista — o que não garante a supermaioria das legendas. Pelas regras portuguesas de composição partidária, a intenção de voto pode não se refletir integralmente em cadeiras no parlamento. Com isso, se o PSD concentrar seus votos em poucos distritos de grande população, terá a maior fatia dos votos — mas menos cadeiras.

Como são as eleições em Portugal

  • Em Portugal, o regime não é igual ao Brasil. O país europeu funciona sob o regime semipresidencialista, formado por um presidente e por um primeiro-ministro. Neste domingo, os eleitores votarão para escolher deputados da Assembleia da República, como é chamado o Parlamento português.
  • Os votos, diferentemente do que ocorre no Brasil, são para um partido, não em um candidato.
  • O partido que obtiver mais votos pode ganhar o controle do Legislativo, mas só se conquistar um número mínimo de assentos no Parlamento.
  • Nas eleições de 2022, o Partido Socialista (PS), de esquerda, obteve 117 das 230 cadeiras do Parlamento e conseguiu a maioria absoluta para governar, sem depender de alianças;
  • Caso isso não ocorra, o partido vencedor pode tentar se associar a outras siglas até chegar ao número mínimo de assentos no Parlamento necessários para governar. O primeiro-ministro inclusive pode vir de um desses partidos coligados.

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