Lula diz que Campos Neto “tem lado político” e trabalha para “prejudicar o país”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a fazer duras críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Em entrevista concedida à rádio CBN, na manhã desta terça-feira (18), o mandatário afirmou que o comportamento da autoridade monetária está “desajustada” e que seu comandante não demonstra “nenhuma capacidade de autonomia”, mas sim um “lado político” e um esforço em “prejudicar o país”.

“Nós só temos uma coisa no Brasil desajustada nesse instante: o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Um presidente do Banco Central que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar do que para ajudar o país. Porque não tem explicação a taxa de juros do jeito que está”, afirmou.

As declarações ocorrem no primeiro dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que amanhã (19) divulgará o novo patamar da taxa básica de juros − a Selic, atualmente a 10,5% ao ano. No mercado, as apostas são de que a autoridade monetária interrompa o ciclo de cortes nos juros e mantenha a taxa no atual patamar, em meio a crescentes preocupações com o cenário fiscal em nível doméstico e olhares mais atentos para o comportamento do dólar.

Questionado sobre a possibilidade de manutenção da Selic em 10,50%, Lula disse achar “muito triste”. “O Brasil não precisa disso”, afirmou.

“Temos uma situação que não necessita essa taxa de juros. O Brasil não pode continuar com uma taxa de juros proibitiva de investimento no setor produtivo. Como você vai convencer um empresário a fazer investimento se ele tem que pagar uma taxa de juros absurda? Então, é preciso baixar a taxa de juros compatível com a inflação”, prosseguiu.

“A inflação está totalmente controlada. Agora fica se inventando discurso de inflação do futuro, que vai acontecer, vamos trabalhar em cima do real. Realmente o Brasil está vivendo um bom momento. A economia está andando, os empregos estão crescendo, o salário está crescendo, a inflação está caindo. O que mais nós queremos? O que mais nós queremos é atrair mais investimentos para o Brasil e que o Banco Central se comporte na perspectiva de ajudar esse país e não de atrapalhar o crescimento do país”, criticou.

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