Em nota divulgada nesta terça-feira (22) a presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE), Kátia Abreu (PP-TO), faz um alerta ao governo sobre riscos de sanções ao Brasil após a suspensão de negociações ambientais dos Estados Unidos com o país.
As conversas foram suspensas recentemente, de maneira unilateral pelos EUA sem justificativa. Kátia afirma que o aumento do desmatamento no Brasil e as investigações contra Ricardo Salles foram os motivos que levaram os Estados Unidos a interromperem conversas com o Brasil sobre questões ambientais. Na avaliação da senadora, os EUA estão dando “um recado”:
“Os motivos podem ser as investigações contra o ministro Salles, a atual paralisia no combate ao desmatamento ou ainda uma possível sinalização para a troca em paralelo dos embaixadores em Brasília e Washington. Não estamos ainda diante de um cenário de sanções no curto prazo, mas fica claro que um recado foi dado pelos americanos sobre as suas insatisfações no plano bilateral e a necessidade de mudanças no Brasil para a retomada do diálogo”, apontou a senadora.
A presidente da CRE reforça que EUA e Europa estão atentos à evolução do desmatamento no Brasil e às propostas de mudança na legislação relacionada a licenciamento ambiental e regularização fundiária e alerta que, “se nenhuma evolução positiva ocorrer”, o Brasil poderá ser alvo de sanções no comércio exterior.
“Nossos parceiros americanos e europeus estão atentos à evolução do desmatamento na estação seca, às investigações contra o ministro do Meio Ambiente e às propostas de mudança de legislação em trâmite no Congresso: licenciamento ambiental e regularização fundiária. Se nenhuma evolução positiva ocorrer no trato que o Brasil dá ao tema do meio ambiente, sanções poderão se tornar uma realidade em breve, talvez ainda este ano”.
DECLARAÇÕES DA SENADORA
“Bússola doida nos levando para o caos”, diz Katia Abreu sobre Ricardo Salles
“O que o Senado Federal vai fazer? Vamos ficar esperando de braços cruzados se o presidente Jair Bolsonaro vai demiti-lo ou não? É prerrogativa dele, mas não podemos mais aceitar (…) Por muito menos nós tiramos, ajudamos e apoiamos a retirada de um chanceler [Ernesto Araújo] que estava afundando o Brasil em cima de um iceberg. Nós estamos com outro ministro que também é uma bússola doida, igual uma biruta de aeroporto, nos levando para o caos”, declarou.
Na CPI, Kátia Abreu chama Ernesto Araújo de “negacionista compulsivo” e o responsabiliza por ter colocado o Brasil em uma posição de “irrelevância”
“O senhor deve desculpas ao País. É um negacionista compulsivo, omisso. O senhor no MRE [Ministério das Relações Exteriores] foi uma bússola que nos direcionou para o caos, um iceberg, para o naufrágio da política internacional e externa”, disse Kátia Abreu, que ainda o culpou ter colocado o Brasil numa situação “muito pior” do que pária, mas de “irrelevância”. “E eu não aceito que isto aconteça”, reforçou.