O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou nesta segunda-feira (6) sua renúncia ao cargo Executivo e à liderança do Partido Liberal. Trudeau afirmou ainda que ficará no poder até que seu partido encontre um substituto para ele.
Em pronunciamento no início da tarde desta segunda, Trudeau também adiou a volta do Parlamento canadense em 2025, para 24 de março.
O Canadá tem 38,7 milhões de habitantes, inferior ao estado de São Paulo, distribuídos em mais de 9,9 milhões de metros quadrados —o segundo maior território do mundo, atrás apenas da Rússia.
Trudeau sai de cena para tentar “salvar” as chances de vitória de seu partido, os liberais, nas próximas eleições legislativas, marcadas para 20 de outubro. Há mais de um ano pesquisas de intenção de voto mostram os conservadores à frente na corrida eleitoral. A permanência do premiê no cargo até a escolha de um substituto também é encarada como importante para reverter esse cenário.
O sistema de governo canadense é parlamentarista. O Partido Liberal, de Trudeau, não obteve maioria nas eleições de 2021 e precisa compor com outros partidos para governar.
Veja os fatores que contribuíram para essa situação:
- Aumento do custo de vida da população
- Perda de popularidade: atualmente, pesquisas apontam que o Partido Conservador, de oposição, deve vencer as próximas eleições.
- Perda de apoio no próprio Partido Liberal
- Desempenho ruim das contas do governo: para agravar a situação, dados financeiros divulgados em dezembro apontam que as contas do governo fecharam com déficit de US$ 43,4 bilhões (R$ 267 bilhões). O número veio 50% acima do projetado. A previsão de crescimento do PIB também foi reduzida de 1,9% para 1,7%.
- Ameaça de taxação por parte de Trump: o presidente eleito americano anunciou em dezembro a intenção de impor tarifas de até 25% aos produtos canadenses. O principal parceiro comercial do Canadá são justamente os Estados Unidos, que representam 75% de suas exportações.
- “Diferenças” na forma de abordar a ameaça trumpista de sobretaxar produtos canadenses levou à saída da ministra das Finanças, Chrystia Freeland.
A turbulência política ocorre em um momento difícil para o Canadá no cenário internacional. O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, ameaçou impor tarifas de 25% sobre todos os produtos canadenses se o governo não conter o que Trump chama de fluxo de migrantes e drogas para os EUA — embora o fluxo para os EUA seja menor que o do México, a quem Trump também ameaçou.