“General Li, o senhor e eu nos conhecemos há cinco anos. Se nós formos atacar, eu vou te ligar antes. Não será de surpresa”.
“General Li, quero garantir que o governo americano é estável e que tudo vai ficar bem. Nós não vamos atacar ou conduzir qualquer operação cinética contra vocês”. (Operação cinética equivale a atos de guerra, na linguagem militar.)
O General Mark Milley, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, telefonou duas vezes ao seu homólogo chinês para o “tranquilizar” sobre um possível ataque surpresa dos EUA contra a China.
As conversas estão no novo livro de Bob Woodward e Robert Costa sobre os momentos finais do governo de Donald Trump, intitulado Perigo.
Mark Miller chegou a reunir com comandantes onde lhes lembrou que fazia parte da ordem de comando e que teria de ser consultado mesmo que Trump ordenasse um ataque nuclear. O livro relata que Miller olhou cada um nos olhos e que considerou as respostas um juramento.
Milley não seria o único contra “as acções de Donald Trump’. A directora da CIA, Gina Haspel, teria chegado a dizer ao chefe do Estado-Maior das Forças Armadas que os EUA estavam “a caminho de golpe de estado de direita“.
Os chefes do Estado-Maior Conjunto têm um mandato de quatro anos. Milley foi nomeado por Trump em 2019. Na época, o New York Times disse que ele havia conquistado Trump com piadas, conversas amigáveis e disposição a discutir os preços astronômicos dos armamentos americanos.
Apoiadores de Trump analisam as acções de Milley como um ato de traição e querem que Joe Biden o afaste do cargo, incluindo Marco Rubio, Senador Republicano da Flórida, que escreveu uma carta à Casa Branca pedino a sua demissão.
Biden já respondeu, dizendo que tem “grande confiança no General Milley“.
Trump responde a Milley
Donald Trump, em entrevista à estação Newsmax, acusou Milley de traição. “Eu nunca pensei em atacar a China”, disse o ex-Presidente.
O livro aborda também as atitudes do vice de Trump, Mike Pence, ao confirmar Biden como novo Presidente.
Pence ficou dividido entre a sua lealdade a Trump e o seu dever e pediu conselhos a Dan Quayle, vice de George Bush que teve de certificar a vitória de Bill Clinton, sobre como devia proceder.
“Mike, não tem nenhuma flexibilidade. Nenhuma. Zero. Esquece isso”, respondeu Quayle a Pence quando este o questionou sobre se podia atender ao pedido de Trump devido aos processos que ainda estava abertos.
Pence confirmou a vitória de Biden e disse a Trump que não podia fazer nada, já que o seu papel era só “abrir os envelopes”.
“Não quero mais ser teu amigo se fizeres isto. Traíste-nos. Eu te criei. Tu não eras nada“, teria respondido Trump
No dia 06/01/21 após a decisão de Pence de não apoiar Trump, o ex-presidente postou a seguinte mensagem na rede social que posteriormente o baniu.
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