Sudão: General dissolve governo de transição e decreta estado de emergência

O general sudanês Abdel Fattah al Burhan dissolveu nesta segunda (25) o governo de transição e decretou estado de emergência no país. Quase todos os integrantes civis do gabinete foram presos.

O primeiro-ministro Abdallah Hamdok, sua esposa, vários ministros e todos os membros civis do Conselho Soberano – maior autoridade da transição do país – foram detidos.

Segundo o canal de TV Al Hadath, outros quatro ministros e um membro do Conselho Soberano, que controla o governo, foram presos.

O serviço de Internet foi cortado em todo o país, enquanto manifestantes lotavam as ruas e queimavam pneus para protestar contra as prisões. Homens bloquearam as estradas principais para a capital e a cidade vizinha de Obdurman, enquanto a televisão estatal transmitia canções patrióticas.

Mesmo após os militares tomarem o controle da televisão estatal nacional, o general Abdel Fattah al Burhan fez uma declaração à nação. Apesar de ter afastado todas as autoridades civis do poder, ele repetiu que deseja uma “transição civil e eleições livres em 2023”, após 30 anos de ditadura de Omar al Bashir.  

Políticos sudaneses pedem que os militares desistam da ação e negociem com os civis a transição de poder.

O Sudão enfrenta uma transição política precária, marcada por divisões e por lutas de poder desde a queda de Bashir em abril de 2019. Desde agosto, o país é governado por uma administração cívico-militar, responsável por realizar uma transição democrática plena sob gestão civil. O objetivo é organizar, no fim de 2023, as primeiras eleições sudanesas livres em três décadas.

Nos últimos dias, porém, a tensão aumentou entre os dois lados. Em 21 de outubro, dezenas de milhares de sudaneses participaram de passeatas em várias cidades para apoiar a transição de poder para os civis e contra-atacar uma “manifestação” iniciada dias antes, diante do palácio presidencial de Cartum, para exigir a volta do “governo militar”.

Uma das forças responsáveis ​​pelo levante de 2019 que depôs o ex-ditador Omar al Bashir, a Associação dos Profissionais, apelou à população à “desobediência diante de um” golpe. O grupo fez seu apelo no Twitter, apesar de não ter acesso à internet no Sudão.

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