Exército tenta tomar o poder na Bolívia

Nesta quarta-feira (24), tanques do Exército e militares armados invadiram o palácio presidencial da Bolívia após ordem do comandante geral do Exército do país, Juan José Zuñiga, que ameaçava retirar as autoridades do poder.

Em uma entrevista a uma rede de TV local, Zuniga falou que “as coisas vão mudar” no país.

Zúñiga, que estava no cargo desde novembre de 2022, declarou que “a mobilização de todas as unidades militares” buscava expressar seu descontentamento “com a situação do país”, alertando que não permitiria uma possível nova candidatura em 2025 do ex-presidente Evo Morales, que governou a Bolívia de 2006 a 2019.

“Já basta. Não pode haver essa deslealdade — afirmou, acrescentando que continuava obedecendo ao presidente Arce “por enquanto”, mas que tomaria medidas para “mudar o Gabinete de governo”.”

Em uma entrevista na segunda-feira a um canal de televisão, o general afirmou que prenderia Morales se insistisse na candidatura apesar de ter sido inabilitado pela justiça eleitoral: “Esse senhor está inabilitado, não pode voltar a ser de novo presidente deste país”, afirmou.

Zúñiga foi destituído de seu cargo na terça-feira após fazer declarações polêmicas sobre a possível candidatura de Evo Morales em 2025, sugerindo até a detenção do ex-presidente. Falando na TV um dia antes, o militar disse que Morales “não pode mais ser presidente deste país”. “Se necessário”, acrescentou, não permitiria “que a Constituição fosse pisoteada, que desobedecesse ao mandato do povo”.

Os três chefes das Forças Armadas vieram expressar a nossa consternação. Haverá um novo gabinete de ministros, certamente as coisas vão mudar, mas o nosso país não pode continuar assim.

Segundo a agência de notícias Reuters, unidades do Exército foram vistas agrupadas em praças e ruas de La Paz e o presidente do país, Luis Arce, denunciou uma tentativa de tomada do Estado.

“Denunciamos mobilizações irregulares de algumas unidades do Exército Boliviano. A democracia deve ser respeitada” disse o presidente no X.

Evo Morales havia denunciado as movimentações militares na rede social X (antigo Twitter), dizendo que um “golpe de Estado está se formando”. “Neste momento, pessoal das Forças Armadas e tanques estão posicionados na Plaza Murillo. Convocaram uma reunião de emergência no Estado-Maior do Exército, em Miraflores, às 15h, em uniformes de combate.”

O vice-presidente da Bolívia, David Choquehuanca, também emitiu um comunicado, mas falando para que a comunidade internacional se levante contra o golpe dos militares.

“Denunciamos à comunidade internacional que na Bolívia está ocorrendo um golpe de Estado contra nosso governo democraticamente eleito”

Governo brasileiro condena tomada de poder na Bolívia e diz que manterá contato com ‘autoridades legítimas bolivianas’

O governo brasileiro publicou uma nota oficial nesta quarta-feira (26) na qual condenou a tentativa de golpe militar na Bolívia.

“O governo brasileiro condena nos mais firmes termos a tentativa de golpe de Estado em curso na Bolívia, que envolve mobilização irregular de tropas do Exército, em clara ameaça ao Estado democrático de Direito no país”, afirmou o texto oficial.

A nota, divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores, diz que o Brasil vai manter contato com “autoridades legítimas bolivianas”.

O governo brasileiro afirmou que buscará países vizinhos para reforçar a democracia no continente.

“O governo brasileiro manifesta seu apoio e solidariedade ao Presidente Luis Arce e ao governo e povo bolivianos. Nesse contexto, estará em interlocução permanente com as autoridades legítimas bolivianas e com os Governos dos demais países da América do Sul no sentido de rechaçar essa grave violação da ordem constitucional na Bolívia e reafirmar seu compromisso com a plena vigência da democracia na região”, continua a nota.

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