Exército envia dezenas de Misséis Anticarro para Roraima

O Exército Brasileiro realiza o deslocamento estratégico de materiais de emprego militar para Roraima. Nesta operação, estão incluídas dezenas de Mísseis Superfície-Superfície 1.2 Anticarro (MSS 1.2 AC). A transferência dos materiais tem por objetivo incorporar meios ao 18° Regimento de Cavalaria Mecanizado, mais nova Unidade do Comando Militar da Amazônia.

A Operação Roraima, planejada e conduzida pelo 9° Grupamento Logístico, sob coordenação do Comando Logístico (COLOG) e do Comando Militar do Oeste (CMO), realiza o deslocamento estratégico de um esquadrão de cavalaria mecanizado da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada rumo à Boa Vista (RR). Ao todo, três unidades de marcha contendo meios militares saíram de Campo Grande (MS) rumo à Roraima. A primeira unidade de marcha do Destacamento Logístico Guaicurus composta por 50 militares e 32 viaturas, das quais 14 Viaturas Blindadas Multitarefa Guaicurus, iniciou seu movimento partindo das instalações do 20º Regimento de Cavalaria Blindado, em Campo Grande, onde estavam aprestadas. 

O comboio logístico chegou a Porto Velho (RO) após percorrer mais de 2.100 quilômetros, de onde seguiu por meios fluviais do Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia (CECMA) até Roraima.

CARACTERISTICAS TÉCNICAS 

• Sistema de guiagem: feixe laser (“beam rider”), com comando por linha de visada (SACLOS);
• Alcance operacional: de 200 a 3.200 m;
• Velocidade: 274 m/s;
• Ogiva: HEAT simples com carga explosiva HMX;
• Diâmetro: 127 mm;
• Capacidade de penetração: cerca de 500 mm em aço balístico homogêneo (RHA);
• Motor: propelente sólido;
• Peso total do sistema: 15,4 kg;

Tecnologia 100% nacional

O MSS 1.2 AC passou por avaliação do Centro de Avaliações do Exército (CAEx) em agosto de 2023. Na oportunidade, participaram do evento engenheiros e técnicos da empresa SIATT Engenharia, Industria e Comércio LTDA, militares do Centro Tecnológico do Exército (CTEx), responsáveis pelo desenvolvimento do míssil, militares do CAEx, além de representantes da Marinha do Brasil.

A importância do lançamento na avaliação do míssil evidenciou a qualidade do trabalho desenvolvido pelo Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação do Exército (SCTIEx) em conjunto com a Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS), com o objetivo de entregar à Defesa um MEM moderno e preciso. A tecnologia empregada é 100% nacional.

Sistema de Armas MSS 1.2 AC

O MSS 1.2 AC é um míssil superfície-superfície anticarro de médio alcance, desenvolvido segundo requisitos do Exército Brasileiro. O sistema é constituído pela Munição (míssil em seu container lançador) e pela Unidade de Tiro. Emprega guiamento do tipo “beam-rider”, no qual o operador é responsável por realizar o apontamento óptico em direção ao alvo. Durante o voo do míssil, a Unidade de Tiro emite um feixe laser invisível codificado, harmonizado com a mira óptica, que provê a referência de guiamento para o míssil.

O sistema tem capacidade de perfurar blindagens com até 500 milímetros de espessura em chapa de aço padrão OTAN. O Míssil MSS 1.2 AC neutraliza ameaças a até 4000 metros, sendo empregado principalmente contra veículos blindados. 

Além disso, pode, secundariamente, ser utilizado contra outros alvos compensadores, como: concentração de veículos, construções fortificadas, depósitos de combustível e ou de munição, barcos fluviais e helicópteros pairando à baixa altura.

A GÊNESE

Seu projeto foi concebido pela empresa italiana OTO-Melara, nos anos 80, com o nome de “MAF” (Missile Anti-Carro della Fanteria). Foi adquirido pela Engemissil, do Grupo ENGESA, onde recebeu o nome de “Leo”. Posteriormente foi transferido para a Orbita Sistemas Aeroespaciais S/A, um consórcio entre a ENGESA, EMBRAER, IMBEL e outras empresas. Durante o processo de falência da ENGESA, a Órbita encerrou suas atividades e o programa foi paralisado.

Em 1991, a empresa Mectron – Engenharia, Indústria e Comércio, do Grupo Odebrecht, assume o projeto em conjunto com o Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) do EB.

Em 1996 foi assinado um contrato com o Centro Tecnológico do Exército (CTEx) para o desenvolvimento e a produção de 40 protótipos do míssil, e, em 2008, houve outro contrato, para a produção do lote piloto de 66 unidades. No ano seguinte a empresa também forneceu uma quantidade não divulgada para o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil.

Em 2013 iniciaram os testes de tiro no Centro de Avaliação do Exército (CAEx), porém o míssil apresentou diversos problemas, principalmente em seu receptor laser, o que fizeram com que ele não fosse homologado.

Em 2015, diante das dificuldades enfrentadas pelo Grupo Odebrecht, os funcionários da Mectron criam a SIATT – Engenharia, Indústria e Comércio e que, posteriormente, assume o projeto, refazendo seu sistema de guiagem com apoio do FINEP.

Em 2018 reiniciaram os testes do míssil e, após uma série de disparos, o míssil alcançou bons resultados e está em fase final do processo de homologação dos relatórios de avaliação e a adoção pelo EB, ultima etapa antes de entrar em produção seriada. A empresa já se prepara para que isso ocorra em breve, pois já iniciou a construção de uma nova planta fabril.

No final do ano passado, o EB contratou a SIATT para recuperar 17 mísseis que pertenciam ao lote piloto, atualizando-os nas condições estabelecidas no termo de referência e na especificação técnica nº 01/2023 (estes é que devem ser os primeiros a serem enviados para Roraima).

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