Estatal chinesa Norinco quer comprar Avibras

Conforme relatado pela Folha de São Paulo, a empresa estatal chinesa Norinco demonstrou interesse em adquirir 49% das ações da Avibras, conforme indicado em uma carta enviada às autoridades brasileiras.

O documento foi entregue ao Ministério da Defesa do Brasil na quinta-feira (13). Três oficiais-generais e um membro do governo do presidente Lula (PT) confirmaram a informação à Folha.

Consultada sobre o assunto, a Avibras optou por não comentar.

O interesse da Norinco surgiu após o grupo de investidores australiano DefendTex desistir das negociações com a Avibras devido a dificuldades para obter financiamento. O governo australiano, que financiaria um terço dos cerca de US$ 200 milhões (aproximadamente R$ 1 bilhão) avaliados no negócio, negou acesso ao crédito necessário.

Um empresário familiarizado com as negociações, que preferiu não ser identificado, apontou que outro motivo para a desistência foi o veto do governo brasileiro às exportações de produtos militares destinados à guerra na Ucrânia.

A Norinco (China North Industries Corporation) é uma grande empresa global da indústria de armamentos, que também atua na fabricação de veículos, setores de petróleo e produtos químicos, além de participar de projetos de construção civil na China.

A negociação entre Avibras e Norinco deverá passar por uma análise da diplomacia brasileira. Embora a diplomacia não tenha poder de veto sobre a venda das ações, deve avaliar o impacto geopolítico da negociação de uma das principais empresas da Base Industrial de Defesa com a China.

A avaliação inicial do Ministério da Defesa é que a venda de 49% das ações manteria o controle da empresa no Brasil e seria uma alternativa menos drástica do que a venda total da Avibras. Além disso, resolveria o problema imediato de falta de recursos para manter a fábrica de São José dos Campos (SP) operando plenamente.

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, declarou na quinta-feira (13) que recebeu uma carta de um grupo estrangeiro interessado na negociação com a Avibras, sem, contudo, revelar o nome do grupo.

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