Bolsonaro deve diminuir a máquina pública em novo mandato: “Quanto mais Estado, pior”

O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição afirmou que “Quanto mais Estado, pior” e que o comunismo no Brasil “é um risco real”. Ele deu declarações durante entrevista à revista Veja. O conteúdo foi divulgado nesta sexta-feira (7).

Quais serão suas prioridades num possível futuro governo? Vamos potencializar as privatizações. No passado, confesso, eu era estatizante. Votei contra quase todas as reformas propostas pelos governos anteriores. Mas a gente evolui, se aperfeiçoa. Hoje sou um liberal. Quanto mais estado, pior para todo mundo. O livre-mercado nos ajudou na pandemia.

“É um risco real. Onde eles entram, a economia não vai para a frente. O próprio Lula, além de falar em censurar a mídia, fala em reestatização da Eletrobras, em valorizar o MST, em voltar a emprestar dinheiro para ditaduras. Ele é um bom socialista. Isso até acabar o dinheiro” disse Bolsonaro

O chefe do Executivo também foi questionado a respeito de como planeja se portar nos próximos debates presidenciais, nos quais enfrentará Lula (PT).Ele destacou que não irá “sair do sério” e garantiu que tem o que apresentar.

“Não vou sair do sério. Estou me contendo, mas, às vezes, falo palavrão. Mas não sou ladrão. Tenho o que apresentar e vamos comparar os governos. O Bolsa Família pagava lá atrás uma média de 192 reais. Com o Auxílio Brasil, passamos agora para 600 reais e vamos tornar isso efetivo para o ano que vem. Acabamos com as invasões do MST. Na época do Lula, você tinha 20 invasões por mês. Veja o perfil dos meus ministros e pergunte para o Lula quem seriam os ministros dele. O Zé Dirceu voltaria para a Casa Civil? Não queremos esse retrocesso para o Brasil – declarou.

Sobre o que pretende perguntar ao petista, Bolsonaro apontou escândalos de corrupção.

“Não vou deixar de questioná-lo em alguns momentos. Ele foi condenado por unanimidade em três instâncias. Não pode falar que foi absolvido, isso não é verdade. Se os delatores devolveram aproximadamente 6 bilhões de reais, é sinal de que eles roubaram. E roubaram com a conivência do próprio presidente, como diz o ex-ministro Palocci. O Palocci diz claramente isso aí: que Lula sabia de tudo o que estava acontecendo – afirmou.

Confira a entrevista completa do executivo federal à revista Veja:

Jamais um candidato em desvantagem no primeiro turno conseguiu vencer as eleições. O senhor acha possível virar o jogo na reta final? Vamos mostrar o que fizemos. Estamos recuperando os empregos, reduzimos o preço da gasolina e atendemos os mais humildes com o Auxílio Brasil. O país vai para o terceiro mês seguido de deflação. O Brasil está sendo um exemplo para o mundo. O Paulo Guedes merece um Prêmio Nobel na economia.

Mesmo tendo uma votação acima das projeções dos institutos de pesquisa mais tradicionais, o senhor ficou atrás de Lula. A que atribui a permanência da força dele junto ao eleitorado? O Lula tem uma capacidade de mentir sem ficar vermelho. Basta comparar nossos governos para ver quem é melhor. Nós não pegamos o BNDES e usamos para emprestar dinheiro para ditaduras que, em grande parte, não vão nos pagar. E nós temos um pensamento de um Brasil acima de tudo e Deus acima de todos. É o lema que o povo entende perfeitamente. Resgatamos o patriotismo pelo Brasil.

Nos debates, o senhor já teve discussões duras com Lula. O clima vai esquentar ainda mais? Não vou sair do sério. Estou me contendo, mas, às vezes, falo palavrão. Mas não sou ladrão. Tenho o que apresentar e vamos comparar os governos. O Bolsa Família pagava lá atrás uma média de 192 reais. Com o Auxílio Brasil, passamos agora para 600 reais e vamos tornar isso efetivo para o ano que vem. Acabamos com as invasões do MST. Na época do Lula, você tinha vinte invasões por mês. Veja o perfil dos meus ministros e pergunte para o Lula quem seriam os ministros dele. O Zé Dirceu voltaria para a Casa Civil? Não queremos esse retrocesso para o Brasil.

Quando tiver oportunidade, que pergunta fará ao Lula nos debates? Não vou deixar de questioná-lo em alguns momentos. Ele foi condenado por unanimidade em três instâncias. Não pode falar que foi absolvido, isso não é verdade. Se os delatores devolveram aproximadamente 6 bilhões de reais, é sinal de que eles roubaram. E roubaram com a conivência do próprio presidente, como diz o ex-ministro Palocci. O Palocci diz claramente isso aí: que Lula sabia de tudo o que estava acontecendo.

Quais serão suas prioridades num possível futuro governo? Vamos potencializar as privatizações. No passado, confesso, eu era estatizante. Votei contra quase todas as reformas propostas pelos governos anteriores. Mas a gente evolui, se aperfeiçoa. Hoje sou um liberal. Quanto mais estado, pior para todo mundo. O livre-mercado nos ajudou na pandemia.

Quais estatais terão prioridade nessa lista de privatizações? Vamos avaliar ainda. Faremos com inteligência. Uma parte dos recursos dessas vendas o Paulo Guedes pensa em destinar para o pessoal do Auxílio Brasil. Ele chama isso de “chuveirada”. O restante vamos usar parte para obras, parte para abater dívidas.

Para vencer no segundo turno, o senhor precisa conquistar mais votos entre o eleitorado feminino. A que atribui a resistência das mulheres à sua candidatura? É uma narrativa que vem lá de trás. Quando eu comecei a namorar a minha esposa, uma colega disse para a Michelle que ela ia ter problema comigo de relacionamento em casa. Por que isso? É por causa das minhas posições dentro da Câmara, o embate frequente com os partidos de esquerda contra as mentiras deles. No nosso governo, tivemos conquistas importantes para as mulheres, como a redução do feminicídio. Sem querer puxar brasa para minha sardinha, não posso deixar de falar da ajuda que Michelle dá nessa área com o Pátria Voluntária, que, entre outras coisas, cuida de mães de filhos com doenças raras, pessoas que eram completamente abandonadas.

O senhor não se arrepende de nenhum episódio de polêmicas públicas com as mulheres? Eu errei, como naquela discussão com a Maria do Rosário, em 2014 (nota da redação: na ocasião, Bolsonaro afirmou na Câmara que a deputada do PT-RS não merecia ser estuprada por que era “muito feia”). Estávamos discutindo na hora o caso de um estuprador e eu me exaltei. Aconteceu. Falhei também quando afirmei que, depois de quatro filhos homens, veio uma menina, classificando aquilo como uma fraquejada. Foi uma brincadeira, extrapolei. Na verdade, a fraquejada foi que meu coração amoleceu com o nascimento da caçula. Eu me emociono sempre com a minha filha. Quando levei a facada, em 2018, eu pedia a Deus que não deixasse órfã minha filha Laura, que hoje tem 11 anos. Não posso ser julgado pelo resto da vida por uma frase infeliz. Sou cristão e tenho uma confissão a fazer: todos os dias, dobro meus joelhos, rezo um pai-nosso e peço a Deus que o nosso povo não experimente as dores do comunismo.

O senhor acha mesmo real o risco da volta do comunismo? É um risco real. Onde eles entram, a economia não vai para a frente. O próprio Lula, além de falar em censurar a mídia, fala em reestatização da Eletrobras, em valorizar o MST, em voltar a emprestar dinheiro para ditaduras. Ele é um bom socialista. Isso até acabar o dinheiro.

O tema corrupção voltou ao debate eleitoral, sendo que sua família é acusada de comportamento suspeito de compra de imóveis com dinheiro vivo. Como o senhor explica isso? Já vasculharam minha vida, e nada encontraram. Falam que eu protegi a minha família de certas acusações. Eu não tenho esse poder. Na questão dos imóveis, pegaram imóveis comprados desde 1990, de gente com quem eu não tenho mais contato, colocaram na lista até um ex-cunhado. Não sei detalhes da vida dele, nem das minhas ex-mulheres. Os raros contatos que tive com elas foi para tratar dos nossos filhos. Por que investigar só um candidato, e não todos?

A pandemia é outro tema que tem aparecido nos debates. O senhor faria hoje alguma coisa diferente? Lamento a pressão do Judiciário e da imprensa para castrarem a autonomia médica de receitar cloroquina e ivermectina. Quando tive Covid, tomei cloroquina e, no segundo dia, estava melhor. O grande mérito nosso foi o de comprar vacina e não obrigar ninguém a tomar. Eu não tomei, pois meu organismo já havia produzido anticorpos.

Por falar em Judiciário, faz parte mesmo de seus planos aumentar o número de vagas no STF num futuro governo? Já chegou essa proposta para mim e eu falei que só discuto depois das eleições. Eu acho que o Supremo exerce um ativismo judicial que é ruim para o Brasil todo. O próprio Alexandre de Moraes instaura, ignora Ministério Público, ouve, investiga e condena. Nós temos aqui uma pessoa dentro do Supremo que tem todos os sintomas de um ditador. Eu fico imaginando o Alexandre de Moraes na minha cadeira. Como é que estaria o Brasil hoje em dia?

O senhor declarou apoio nas eleições a um dos investigados pelo ministro, o deputado Daniel Silveira, que recebeu boa votação, mas continua inelegível. Qual análise faz desse caso? Eu assinei o indulto do deputado Daniel Silveira. Eu falava para alguns ministros mais chegados que, uma vez marcado como foi o julgamento dele, o Daniel seria condenado. Quando houve a condenação, mandei preparar o decreto. Alguns acharam que eu iria comprar uma briga com o STF. Se eu fosse ministro do Supremo, também ficaria indignado com as palavras daquele vídeo do Daniel Silveira, mas a pena não podia ser aquela, é desproporcional.

Recentemente, o senhor acusou Alexandre de Moraes de ter vazado à imprensa dados de um cartão corporativo com despesas feitas pela primeira-dama. O senhor continua com essa suspeita? O ministro quebrou o sigilo do meu ajudante de ordens. Ali tem conversa minha, troca de informações de agendas que são confidenciais… O Moraes negou que o vazamento partiu dele, mas tenho certeza de que foi ele que vazou. Ele tem que assumir isso. Sobre os gastos, nunca saquei um centavo desse cartão. Procuro me policiar, até para dar exemplo.

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