Ao responder ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou que não temia ser preso e considerou “ilógico” a ideia de que buscou asilo na embaixada da Hungria em Brasília.
Bolsonaro passou duas noites na embaixada após ser alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) em fevereiro deste ano.
A manifestação de Bolsonaro foi feita por determinação do ministro Alexandre de Moraes, que exigiu explicações do ex-presidente depois que o jornal americano “The New York Times” divulgou o ocorrido.
A defesa de Bolsonaro disse ao STF que, como em 8 de fevereiro a PF já tinha feito prisões sobre um suposto golpe de Estado, cumprido ordens de busca e apreensão e ainda confiscou o passaporte do ex-presidente, já tinha ficado claro que não havia intenção de prendê-lo.
“Portanto, diante da ausência de preocupação com a prisão preventiva, é ilógico sugerir que a visita do Peticionário à embaixada de um país estrangeiro fosse um pedido de asilo ou uma tentativa de fuga”, afirma a petição encaminhada ao ministro e assinada por Paulo Amador Cunha Bueno e Fabio Wajngarten.
“A própria imposição das recentes medidas cautelares tornava essa suposição altamente improvável e infundada”, diz trecho da resposta.
Seguindo esse argumento, Bolsonaro e os advogados do ex-presidente sustentam que entenderam que, se ele tivesse que ser preso, teria sido no próprio dia 8.
A defesa argumenta ainda ao ministro do STF que Bolsonaro “jamais deixou de comparecer a qualquer ato para o qual foi intimado — e não foram poucos —, sendo conhecidos seus endereços em Brasília, assim como sua rotina profissional no Partido Liberal”. E acrescenta que, nas duas vezes em que saiu do Brasil, o ex-presidente da República informou o STF.
Os advogados reafirmam na petição ao STF a proximidade com Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, com quem afirmam que Bolsonaro mantém “agenda política”e “notório alinhamento”.
De acordo com eles, esta é a “razão porque sempre manteve interlocução próxima com as autoridades daquele país, tratando de assuntos estratégicos de política internacional de interesse do setor conservador”.