Câmara aprova reforma tributária: Brasil terá maior IVA do mundo

Deputados e Senadores aprovam regulamentação da reforma tributária: Alívio ou Golpe contra a sociedade?

Na noite desta terça-feira, 17 de dezembro, Brasília foi palco de intensos debates com a aprovação, pela Câmara dos Deputados, da regulamentação da reforma tributária.

Com 324 votos a favor e 123 contrários, o Projeto de Lei Complementar (PLP) 68/2024 segue agora para a sanção de Lula, que ainda pode vetar partes do texto.

O projeto estabelece as regras do novo modelo de tributação sobre produtos e serviços, com a promessa de simplificar o sistema tributário durante uma transição gradual, que começará em 2026 e terminará apenas em 2033. No entanto, especialistas e críticos alertam que, embora a alíquota-padrão seja reduzida de 28,5% para 27,8%, o Brasil terá o maior Imposto sobre Valor Agregado (IVA) do mundo.

O que mudou com a reforma tributária?

A reforma prevê a unificação de tributos, como PIS, Cofins e ICMS, criando o Imposto sobre Valor Adicionado (IVA). No entanto, concessões de última hora no texto aprovado aumentaram significativamente a alíquota final, tornando-a a mais alta globalmente.

A alíquota média do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) ainda não está definida. Mas estimativas apontam que ela deve ultrapassar 28% (podendo chegar a mais de 29%).

O que é IVA (Imposto sobre Valor Agregado)?

IVA é amplamente utilizado em países desenvolvidos e busca tornar a tributação mais eficiente. O IVA incide sobre o valor adicionado em cada etapa da produção e comercialização de um produto ou serviço. Em outras palavras, ele é cobrado ao longo da cadeia produtiva, mas de forma não cumulativa, permitindo que as empresas abatam o imposto já pago nas etapas anteriores.

Por que o Brasil terá a maior alíquota de imposto do mundo?

O Brasil poderá ter a maior alíquota de imposto do mundo devido ao modelo de Imposto sobre Valor Agregado (IVA) proposto na reforma tributária. A alíquota, que poderá atingir até 26,5%, se tornará a mais alta globalmente, superando países como Hungria (27%) e Dinamarca (25%), caso as projeções se confirmem.

Os principais motivos para isso são:

  • Carga tributária existente: O Brasil já possui uma das maiores cargas tributárias do mundo, com impostos fragmentados entre União, Estados e Municípios. A unificação dos tributos no IVA visa simplificar, mas não necessariamente reduzir a carga total, resultando em uma alíquota mais elevada.
  • Necessidade de compensação de perdas: A reforma propõe a unificação de impostos como PIS, Cofins, ICMS e ISS. Estados e municípios, temendo perda de arrecadação, pressionam para que a alíquota do IVA seja alta o suficiente para manter o nível de receitas atual.
  • Complexidade e amplidão da reforma: O Brasil, diferentemente de outros países, está tentando implementar um IVA em um sistema tributário muito desigual e multifacetado. O novo modelo precisará sustentar gastos públicos elevados e atender às necessidades de múltiplas esferas governamentais.
  • Bônus de benefícios fiscais e regimes especiais: Mesmo com o IVA, algumas exceções e regimes especiais continuarão existindo, fazendo com que o imposto seja redistribuído, mas com alíquota padrão mais elevada para compensar.
  • Gastos públicos: O alto nível de gastos públicos no Brasil, associado à necessidade de arrecadação para sustentar programas sociais e o funcionamento da máquina pública, pressiona para uma alíquota mais elevada.

Assim, o cenário leva o Brasil a buscar uma alíquota padrão que pode superar outros países e consolidar um sistema mais simplificado, mas potencialmente oneroso para o consumidor final.

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