O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que o projeto que concede anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro já conta com votos suficientes na Câmara dos Deputados para ser aprovado.
Bolsonaro declarou que teve uma conversa reservada com Gilberto Kassab, presidente do PSD –maior bancada do Senado– sobre o assunto. “Hoje, o que eu sinto, conversando com parlamentares, como os do PSD, é que a maioria votaria, é favorável [à anistia] e acho que na Câmara já tem quorum para aprovar”, disse depois de almoço no Senado com o Bloco Vanguarda, de oposição ao governo.
“Imagine você ir dormir e acordar sem o filho do lado? [Hugo Motta, presidente da Câmara]recebeu aquela senhora com 6 filhos. O mais velho de 10 [anos], o mais jovem de 10 meses, cujo marido condenado a 14 anos está foragido, talvez esteja na Argentina. Aí eu te pergunto, essa punição é justa? Essa dosimetria é justa? 14? 17 anos de cadeia?”, disse.
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Bolsonaro avaliou, no entanto, que o projeto de lei complementar (PLP) que altera a Lei da Ficha Limpa — reduzindo o prazo de inelegibilidade de 8 para 2 anos a políticos condenados — ainda precisa de tempo para amadurecer.
Ainda de acordo com Bolsonaro, há compromisso do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de seguir o regimento e colocar a proposta em votação caso haja apoio suficiente a um regime de urgência.
Questionado sobre a receptividade de senadores e deputados em relação ao PLP da Ficha Limpa, o ex-presidente afirmou que o tema precisa “amadurecer um pouquinho mais”. Argumentou ainda que, atualmente, a legislação estaria sendo utilizada para “beneficiar a esquerda e perseguir a direita”
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“ZERO PREOCUPAÇÃO” COM DENÚNCIA DA PGR
Há expectativa nos mundos jurídico e político de que nos próximos dias o procurador-geral da República, Paulo Gonet, denuncie Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) por seu envolvimento em tentativa de golpe de Estado, movimento que culminou com os atos de 8 de janeiro em que as sedes dos Três Poderes foram depredadas por apoiadores do ex-presidente.
Bolsonaro disse não estar preocupado com a denúncia que a PGR (Procuradoria Geral da República) deve apresentar ainda nesta semana contra ele sobre um suposto golpe de Estado para impedir a posse de Lula.
“Estou aguardando. A frase mais emblemática, um amigo que deixei em Israel ligou para mim e falou o seguinte: que golpe é esse que o Mossad [inteligência de Israel] não estava sabendo? Acho que resume tudo que está acontecendo”, afirmou o ex-presidente.
Ao ser questionado se estava com medo, Bolsonaro respondeu o seguinte: “Olha para a minha cara, o que tu acha? Eu não tenho nenhuma preocupação com as acusações, zero”
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