Biden publica carta aberta e reafirma candidatura à presidência dos EUA

Em uma carta enviada nesta segunda-feira (8) a deputados, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confrontou membros de seu partido e recusou novamente o pedido de democratas para que desista de concorrer à reeleição.

No documento, de duas páginas, Biden também pediu que os deputados deixem de pressionar por sua desistência.

“A questão de como seguir em frente tem sido bem discutida há mais de uma semana. E é hora de acabar com isso,” disse Biden na carta. “Temos um trabalho. E esse é derrotar Donald Trump. Temos 42 dias até a Convenção Democrática e 119 dias até a eleição geral. Qualquer enfraquecimento da determinação ou falta de clareza sobre a tarefa à frente só ajuda Trump e nos prejudica. É hora de nos unirmos, seguirmos em frente como um partido unificado e derrotarmos Donald Trump.”, diz a carta de Biden

“Quero que saibam que, apesar de todas as especulações na imprensa e em outros lugares, estou firmemente comprometido em permanecer nesta corrida, em correr esta corrida até o fim e em derrotar Donald Trump”, disse Biden na carta

O recesso no Congresso acaba na terça-feira, na primeira reunião desde o debate de 27 de junho na CNN, que suscitou preocupação generalizada sobre a capacidade de Biden de garantir uma vitória para os democratas em novembro e de cumprir mais quatro anos no cargo.

No documento, ainda de acordo com a AP, o presidente norte-americano disse ainda que os membros do Partido Democrata têm o dever de derrotar o candidato do Partido Republicano, o ex-presidente Donald Trump.

A pressão para que Biden, candidato do Partido Democrata, desistisse de concorrer começaram na semana passada, após o mau desempenho do presidente no primeiro debate eleitoral. O presidente, que se mostrou confuso, hesitante e pouco reativo durante praticamente todo o enfrentamento, admitiu não ter ido bem, mas vem insistindo que tem capacidade para seguir na disputa.

Tom agressivo em entrevista

Também nesta segunda, o presidente deu uma entrevista à rede de TV norte-americana NBC na qual criticou democratas que pediram sua desistência.

Ele disse estar ficando “frustrado com as elites no Partido Democrata” e desafiou deputados que pedem sua desistência a enfrentá-lo na convenção da sigla, que ocorrerá em agosto.

É na convenção do partido que o presidente será formalmente confirmado como candidato democrata.

“Não me importa o que esses grandes nomes (do partido) pensam”, disse Biden.

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Cada vez mais democratas e seus aliados vêm a público questionar Biden. Reportagens da imprensa americana também relatam que as ações recentes de Biden, como os discursos e a entrevista na ABC não foram suficientes para dissipar as dúvidas.

O presidente, afinal, tem buscado ignorar pesquisas que mostram que ele perderia para Trump e que boa parte dos eleitores preferia ter outro candidato democrata.

Até agora, cinco democratas da Câmara apelaram publicamente a Biden para reconsiderar se segue na disputa, e mais congressistas expressaram preocupação a portas fechadas. No domingo, segundo o jornal The Washington Post, 24 lideranças democratas no Congresso fizeram uma reunião para debater o apoio a Biden, e houve divisão, com alguns deles defendendo a saída do presidente da disputa.

Também no domingo, o senador Chris Murphy, democrata de Connecticut, disse na CNN que o presidente precisa “fazer mais” e que esta semana será crítica.

“O presidente precisa se envolver num tipo de interação com os eleitores que prove aos céticos que ele pode fazer o trabalho”, disse Murphy. “Se ele não pode fazer isso, então ele tem uma decisão a tomar.”

Uma das principais questões agora para Biden é que não parece haver uma “bala de prata”, uma solução simples que resolvesse todas as dúvidas. Novas aparições enérgicas de Biden não estão convencendo seus críticos no partido nem doadores em dúvida. Uma possível melhora será dada se o presidente conseguir números melhores nas pesquisas que vão sair nos próximos dias, sem o impacto do feriado de 4 de Julho. No entanto, um avanço tímido dará munição aos críticos, enquanto uma queda mais forte poderá ser mais uma pá de cal em uma candidatura que vive seu pior momento até agora.

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