O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou na noite deste domingo (1º) o perdão “total e incondicional” a seu filho, Hunter Biden, livrando-o de uma possível pena de prisão relacionada a condenações federais por compra ilegal de arma e pela falta de pagamento de US$ 1,4 milhão em impostos.
“Hoje, assinei um perdão para meu filho Hunter”, declarou Biden neste domingo, alegando que a acusação contra ele foi motivada politicamente e um “erro judicial”.
O perdão simboliza uma alteração na posição de Biden em relação ao caso. Quando Hunter foi condenado, o presidente havia assegurado que não utilizaria os poderes excepcionais da presidência para favorecer integrantes de sua família.
“As acusações nesses casos surgiram apenas após vários de meus oponentes políticos no Congresso as instigarem para me atacar e se oporem à minha eleição”, afirmou Biden. “Nenhuma pessoa razoável que analise os fatos dos casos de Hunter pode chegar a outra conclusão além de que ele foi alvo apenas porque é meu filho.”
O presidente democrata havia afirmado anteriormente que não concederia perdão ou comutação da pena de seu filho após as condenações nos casos em Delaware e Califórnia. A decisão foi tomada semanas antes da sentença de Hunter Biden no caso de armas e de sua admissão de culpa nas acusações fiscais, e menos de dois meses antes do retorno de Donald Trump, presidente eleito, à Casa Branca.
Trump dedicou anos a criticar Hunter Biden por seus problemas legais e pessoais, utilizando esses ataques como parte de uma ofensiva mais ampla contra a família do presidente Biden.
O jornal americano “The New York Times” observa que esta não é a primeira vez que um presidente recorre ao poder executivo para perdoar ou reduzir a pena de um parente. No último dia de sua presidência, Bill Clinton concedeu perdão a seu irmão Roger Clinton por acusações relacionadas ao uso de cocaína. Pouco antes de deixar o cargo, Donald Trump também perdoou Charles Kushner, pai de seu genro Jared Kushner, por crimes como sonegação fiscal e outras infrações.
Contudo, o jornal aponta que tanto Roger Clinton quanto Kushner já tinha cumprido as penas de prisão quando o perdão foi concedido.
Acusações de porte ilegal de arma e sonegação
Hunter revelou publicamente estar sendo investigado federalmente em dezembro de 2020, apenas um mês após a vitória de seu pai nas eleições daquele ano.
Em junho deste ano, Joe Biden declarou que não concederia perdão ou reduziria a pena de seu filho: “respeito a decisão do júri. Farei isso e não vou perdoá-lo.”
No dia 8 de novembro, pouco após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, descartou a possibilidade de clemência ou perdão para Hunter Biden, afirmando: “já nos fizeram essa pergunta várias vezes. Nossa resposta permanece a mesma, que é não.”
Biden também comentou que espera que os americanos compreendam o motivo que leva um pai e um presidente a “tomarem essa decisão”. O presidente passou o feriado de Ação de Graças em Nantucket, Massachusetts, acompanhado de Hunter e sua família.
Em junho, Hunter foi condenado por um tribunal federal de Delaware por três crimes relacionados à compra de uma arma em 2018, quando, segundo os promotores, ele teria mentido em um formulário federal ao declarar que não era usuário de drogas ou dependente químico.
No caso da Califórnia, ele deveria ir a julgamento em setembro por não ter pago ao menos US$ 1,4 milhão em impostos. Contudo, surpreendeu ao concordar em se declarar culpado de acusações de contravenção e crime, apenas horas antes da seleção do júri começar.
Hunter Biden justificou a decisão de se declarar culpado no caso fiscal como uma tentativa de poupar sua família de mais dor e exposição, depois que o julgamento relacionado às armas trouxe à tona detalhes sensacionalistas sobre sua luta contra o vício em crack.
As acusações fiscais poderiam resultar em até 17 anos de prisão, enquanto as acusações de armas previam até 25 anos, embora as diretrizes federais de sentença sugerissem punições mais leves, com a possibilidade de ele não cumprir pena na prisão.
Em um comunicado por e-mail, Hunter Biden afirmou que “nunca subestimará o alívio que lhe foi concedido” e prometeu dedicar sua vida reconstruída “a ajudar aqueles que ainda estão doentes e sofrendo”.
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