Em sessão realizada hoje (5) para debater ajustes na legislação eleitoral, presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, falou aos senadores sobre o risco de fraudes e judicialização da eleição de 2022 com a volta do voto impresso.
“Se o candidato a presidente da República pedir recontagem, nós vamos ter 150 milhões de votos contados manualmente, aquelas mesas apuradoras que faziam o terror da vida brasileira antes das urnas eletrônicas. Vai criar dificuldade administrativa, oferece risco para o sigilo, risco grande de fraude e risco de judicialização, porque a contagem manual vai dar diferença em relação a contagem eletrônica. Até em caixa de banco ou caixa de empresa, no final do dia, você tem que fazer uma reconciliação — disse Barroso.
“No voto impresso, vamos ter que transportar 150 milhões de votos no país do roubo de carga, da milícia, do Comando Vermelho, do PCC e dos Amigos do Norte. Esse é o primeiro problema. Depois vamos ter que montar guarda num país em que as urnas costumavam desaparecer.”
BARROSO FALA EM SEMI PRESIDENCIALISMO
O semipresidencialismo é um sistema de governo em que a figura do presidente da República fica mantida como nos moldes atuais – escolhido em eleições diretas –, mas a figura do primeiro-ministro, que é indicado pelo presidente eleito, é introduzida no cenário político.
“Será o primeiro-ministro quem conduzirá o varejo político. E há possibilidade de destituição não traumática do primeiro-ministro se ele tiver perdido a sustentação política”, disse Barroso. “O presidente não participa do varejo político”, disse Barroso.
“O presidente continua com seu mandato. Essa é a inovação que eu acho que nós deveríamos implantar para 2026, para que não haja mais nenhum interesse posto em mesa. Eu defendo essa ideia”, afirmou.
Segundo Barroso, esse modelo manteria a estabilidade do governo, já que mesmo se o primeiro-ministro for retirado do cargo, o presidente, eleito de forma direta, continua no cargo.
O ministro participou hoje do “simpósio interdisciplinar sobre o sistema político brasileiro”.